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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Princípios fundamentais da Teoria Centro-Periferia

Centro-Periferia. Autor: Jhon Friedman
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Publicado porMarcio M. A. Ferreira
FRIEDMAN, John. General Theory of Polarized Development. In: Growth Centers in Regional Economic Development. Niles Hansen Ed., New York: Free Press, 1972.

 Princípios fundamentais da Teoria Centro-Periferia
John Friedman
A. Desenvolvimento como processo de inovação
O processo histórico pode ser compreendido como uma sucessão temporal deparadigmas sócio-culturais. Simon Kuznets atribui esta sucessão de paradigmas aoaparecimento do que ele chamou "inovações periódicas". Segundo Kuznets, a maiorinovação de nossa própria época é a "extensa aplicação da ciência à solução dos problemasde produção econômica."Esta inovação
na realidade, um vasto complexo de inovações técnicas,institucionais e culturais interligadas
tem antecedentes no passado. Ela começou comuma série de inovações isoladas que ocorreram em diferentes momentos da história e foraminterligando-se gradualmente, induzindo uma transformação estrutural do sistema socialtradicional. O sistema social em direção ao qual o desenvolvimento contemporâneo seorienta é um sistema que tem uma alta capacidade de, continuamente, gerar e adaptartransformações inovadoras.Assim, de acordo com esta interpretação, o desenvolvimento pode ser caracterizadocomo um processo descontínuo e cumulativo que ocorre quando uma série de inovaçõeselementares organiza-se em conjuntos de inovações e, finalmente, em sistemas deinovações em larga escala.
B. Relações de dependência em um sistema espacial
O desenvolvimento, ocorrendo através de um processo de inovação descontínuo,porém cumulativo, não se origina em todos os lugres ao mesmo tempo. A tendência é oprocesso de inovação (base do desenvolvimento) ter origem em um número relativamentepequeno de "centros de mudanças".As inovações tendem a difundir-se a partir desses centros (que serão chamados"regiões centrais" ou "
core regions
"), em direção aos espaços exteriores (chamados"regiões periféricas").Assim, as regiões centrais são subsistemas da sociedade, organizadosterritorialmente, que têm uma alta capacidade de geração inovadora; as regiões periféricassão subsistemas cujas orientações de desenvolvimento são, em grande parte, determinadas apartir das regiões centrais, em relação às quais, elas (as regiões periféricas) permanecem emsubstancial dependência. Assim, as regiões periféricas podem ser identificadas por suasrelações de dependência para com as regiões centrais.
C. Relações centro/periferia em uma hierarquia de sistemas espaciais
As regiões centrais localizam-se em uma rede hierarquizada de sistemas espaciais: omundo, as regiões continentais, as nações, a região subnacional, a micro-região, omunicípio, a cidade, etc.



Se uma dada área constitui ou não um sistema espacial (de acordo com a teoriacentro/
periferia) depende do padrão apresentado por suas relações externas. Onde uma 
"área core" é identificada como dominando parte das decisões vitais de popula-
ções emáreas externas a ela, um sistema espacial pode ser caracterizado.Por 
outro lado, deve-se observar que um dado sistema espacial pode ter mais de uma 
"área core".Existe, também, por definição uma correlação entre a extensão e a 
complexidade de uma "área core" e a magnitude do sistema espacial por ela centralizado.
Assim, para um sistema espacial, de escala mundial, o core apropriado pode ser umavasta 
e complexa área como a "Megalopole" do noroeste dos Estados Unidos. Ao nível damicro 
região, por exemplo, o core pode ser uma cidade de médio porte.Em função da natureza 
assimétrica de suas relações com as áreas core de mais altahierarquia, os cores 
de nível inferior apresentam, em seu comportamento, uma dualidade:para os sistemas 
espaciais sob sua descendência atuam como centros; para as regiões corede hierarquia 
superior, comportam-se como periferia.

D. Funcionamento das relações centro/periferia e o desenvolvimento de conflitos

Até um certo limite, o caráter auto-reforçador do crescimento da região core tende
ater resultados positivos sobre o processo de desenvolvimento dos sistemas 
espaciais sob suadependência; todavia, disfunções podem aparecer uma vez transposto
este limite.Assim, se se desenvolvem condições para a assimilação das inovações 
geradas nocentro e, a partir daí, para o início da geração de inovações no
âmbito das próprias unidadesespaciais periféricas, essas unidades poderão 
ser integradas a um ou mais sistemas centrais.Neste caso, as possibilidades de
ocorrência de conflitos são menores.Ao contrário, se os efeitos positivos 
da difusão de inovações a partir das áreascentrais começarem a ser superados 
pelos efeitos negativos resultantes da excessivadependência da periferia, as
possibilidades de um agravamento das tensões sociais epolíticas entre setores da 
periferia e as áreas core são bem maiores. Esse agravamento detensões sociais 
e políticas pode, por sua vez, provocar conflitos de cuja amplitude dependea manutenção,
a fragmentação ou a extinção de um dado sistema de relações centro-periféricas.

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