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domingo, 30 de março de 2014

Vladimir Safatle - Entrevista 18/02/2014



Vladimir Safatle - Entrevista 18/02/2014

https://www.youtube.com/watch?v=kGdw9xkoeKM#t=65

Ensino do jornalismo, pesquisa exploratória e zona de conforto

Ensino do jornalismo, pesquisa exploratória e zona de conforto

Por Carlos Castilho em 29/03/2014

A Faculdade de Jornalismo da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, acaba de criar um Centro de Inovação Jornalística e Engajamento Cívico, cuja missão é explorar novas formas de exercer o jornalismo em ambiente digital, especialmente aquelas vinculadas à relação entre profissionais e as comunidades sociais.
Trata-se de uma nova tentativa de recuperar a ideia de um jornalismo associado à causas sociais, responsável por um aguda polêmica no ambiente profissional durante os anos 1970 e 80, quando o professor Jay Rosen e o editor de jornais Davis Merritt lançaram a ideia do jornalismo cívico, logo em seguida apoiada financeiramente pelo hoje desativado Pew Center for Civic Journalism.
Trata-se de mais uma universidade americana que decide explorar novas áreas de exercício do jornalismo em ambiente digital, partindo de uma perspectiva de que é necessário experimentar, mesmo correndo o risco de insucesso. As universidades americanas estão empenhadas em explorar áreas pouco conhecidas do jornalismo em ambiente digital, enquanto as instituições de ensino superior no Brasil dedicam-se a uma interminável polêmica sobre normatização dos currículos acadêmicos.
Enquanto uns tentam entender a nova realidade a partir de experiências em campo, em especial na redescoberta do papel das pessoas na produção de notícias, outros se preocupam em definir e regulamentar algo que está reconhecidamente em processo de transição. O nosso grande desafio hoje é identificar o novo contexto da produção jornalística e não o de tentar definir algo que pode estar ultrapassado dentro de meses.
A preocupação exploradora das universidades americanas no campo do jornalismo provavelmente busca desenvolver estratégias editoriais para resolver os agudos problemas da imprensa local e depois exportá-las para o resto do mundo. Já no Brasil o empenho na discussão de normas e regulamentos talvez seja uma consequência da histórica dominação dos grandes conglomerados da imprensa brasileira sobre as faculdades de jornalismo, colocadas diante da opção de formar mão de obra para as redações ou produzir teóricos da comunicação.
Estamos perdendo uma oportunidade única de pesquisar a nova realidade comunicacional e informativa que está surgindo no Brasil sem a necessidade de grandes recursos financeiros. O ingrediente básico é o envolvimento com a comunidade, porque é aí que podem ser identificados os novos rumos do jornalismo. As novas tecnologias nivelaram profissionais e praticantes do jornalismo ao permitir que ambos possam comprar os equipamentos básicos a preços toleráveis. O diferencial está na postura diante da realidade social.
As faculdades de jornalismo no Brasil parecem temerosas de abandonar a zona de conforto de uma atividade acadêmica voltada para dentro de si própria ou para as empresas patrocinadoras. O desafio está nas ruas e nas comunidades sociais porque é nesses locais que estão os dilemas urbanos, ao contrário do que sucedia até agora nas coberturas jornalísticas com a predominância das fontes oficiais e os especialistas como interpretes da realidade que nos cerca.
Nos anos 1970-80, a ideia de jornalismo cívico não prosperou nos Estados Unidos porque estava ligada às campanhas eleitorais visando reduzir a apatia e abstenção, e preconizava o abandono do tradicional princípio da isenção jornalística diante de problemas sociais. Nos demais países a proposta não vingou porque esbarrou nos preconceitos ideológicos da, então vigente, dicotomia entre capitalismo e comunismo.
Quase 40 anos depois, o jornalismo cívico em estudo na Universidade de Oregon não parte mais de uma preocupação eleitoral, mas sim da visão de que é necessário desenvolver uma nova narrativa jornalística baseada na interatividade entre profissionais ou praticantes de atos jornalísticos e o público. O tão badalado “engajamento comunitário” é hoje um grande desafio para os pesquisadores americanos, que veem no relacionamento com o público também uma possibilidade de identificar novas estratégias de sustentabilidade econômica.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/ensino_do_jornalismo_entre_a_pesquisa_exploratoria_e_a_zona_de_conforto

quarta-feira, 12 de março de 2014

“Há horas que a correlação de forças é contra você, mas você faz”

“Há horas que a correlação de forças é contra você, mas você faz”


bienalbrasildolivro
Para Vladimir Safatle, professor de filosofia da Universidade de São Paulo, a esquerda brasileira perde várias possibilidades de se diferenciar de seus adversários por ficar fazendo muitos cálculos sobre a conjuntura política. “Há horas que o governo tem de ir lá onde a sociedade não quer ir. Mas, para isso, é necessário ter muita clareza do porquê você está lá”, comenta ele, citando as experiências de Mujica, no Uruguai, e da França de Mitterand
11/03/2014
Antonio David e Artur Scavoni
De São Paulo (SP),
especial para o Brasil de Fato
Autor de A esquerda que não teme dizer seu nome, o professor do departamento de filosofia da Universidade de São Paulo Vladimir Safatle tem sido um dos mais notáveis intelectuais a discutir as questões filosóficas e morais da esquerda mundial.
Na entrevista a seguir, além de avaliar as manifestações de junho do ano passado, o filósofo discorre sobre o esgotamento do modelo de desenvolvimento dos governos Lula e Dilma e as perspectivas da esquerda brasileira.
Brasil de Fato – Em artigo recente, você afirma que as exigências populares de uma “outra política” expressas em junho “pararam na lata de lixo mais próxima”, e argumenta: “Depois de apresentar com uma mão um projeto de Assembleia Constituinte para a reforma política e retirá-lo com a outra, o governo prometera pressionar o Congresso Nacional para debater as propostas. O resultado foi cosmético, se quisermos ter um mínimo de generosidade”. Contudo, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, tratando deste mesmo assunto, apresenta um ponto de vista diferente. Diz ele: “As ruas emitiram um sinal, e Dilma emitiu um outro sinal em resposta num sentido de ampliação da democracia como nunca havia acontecido. Os setores da direita imediatamente souberam ler o que estava em jogo, e os manifestantes não souberam”. Como você encara a resposta das ruas à proposta de Assembleia Constituinte?
Vladimir Safatle – Acho que tem um problema aí, porque é impossível ter resposta para um projeto que foi retirado 48 horas depois de ter sido apresentado. Eu de fato não compartilho dessa análise, porque o governo não deu sequer tempo para que a sociedade pudesse emitir uma resposta. O que aconteceu foi que, num momento de sanidade, ficou claro que nós estávamos numa espécie de crise de representatividade profunda, que exigia o que eu diria caminhar em direção ao grau zero da representação, ou seja, voltar a dar voz ao poder instituinte, para que as condições de organização do jogo político pudessem ser recompostas. Mas, quando se faz uma proposta dessas, tendo em vista que é uma proposta muito séria, da mais alta importância e gravidade, o mínimo que se espera é que se esteja preparado para todas as reações que virão. É óbvio que não viriam apenas reações entusiastas, mas também gritos de golpe e coisas dessa natureza. Ninguém que acompanha a política brasileira poderia imaginar o contrário. Então, isso me deixa muito preocupado. Quem fez isso no governo, ou não conhece o que é a política brasileira, a ponto de esperar que houvesse imediatamente uma reação popular entusiasta que poderia abafar toda a contradição, ou fez de uma maneira completamente irresponsável esse processo. E eu ainda insistiria em outro ponto. Não se resume à questão da Assembleia Constituinte para a reforma política. Nada da reforma política, no sentido forte do termo, de fato apareceu. O projeto de reforma política que está tramitando no Congresso é um projeto medonho em vários pontos. Tem pontos em que até consegue piorar o que é a legislação atual. Então, eu acho que ficou de fato uma resposta a ser dada nesse ponto.
Você tem sustentado a tese de que o modelo de desenvolvimento dos governos Lula e Dilma esgotou-se e, ao mesmo tempo, tem insistido na necessidade de haver um “segundo ciclo de políticas contra a desigualdade baseadas na universalização de serviços públicos de qualidade”. O que isso significa, do ponto de vista da estratégia política?
Acho que significa compreender que não há mais avanços na sociedade brasileira sem uma politização forte a respeito, entre outras coisas, da estrutura tributária do Brasil. Eu sei que esse é ponto sensível do jogo político brasileiro, porque isso significa colocar contra a parede setores hegemônicos, como os interesses do setor financeiro, como os interesses da elite que paga um imposto de renda absolutamente irrelevante e irrisório, e exige uma recomposição da estrutura tributária brasileira, retirando os impostos sobre consumo e direcionando para os impostos sobre renda. Eu tenho consciência de que isso significa um acirramento do conflito.
Mas eu diria que o acirramento é inevitável, vai ocorrer de uma maneira ou de outra. Porque o processo de ascensão social permitido pelo lulismo é um processo que de fato, a meu ver, se esgotou. Ele teve sua importância, não é uma questão de desqualificá-lo, mas se esgotou pelas suas próprias contradições internas. Os processos históricos são assim, funcionam durante certo momento, mas pelas suas próprias contradições, eles também se esgotam. Chegou nesse ponto. Em princípio não seria nada desesperador, se houvesse um outro processo em gestação. O que eu acho desesperador é perceber  que não há um outro processo em gestação.
Em que sentido? Vou dar um exemplo, sobre o qual já insisti várias vezes: se você pega a estrutura de gastos de salário de uma família da dita nova classe média, que ganha em torno de R$ 3 mil reais, você percebe que, se essa família resolveu tirar seus filhos da escola pública e colocar na escola privada, se resolveu dar um melhor serviço de saúde para sua família, tirando do SUS e dando plano de saúde, se ela tiver dois filhos, ela gasta quase metade do seu salário com isso.
Não há isenção de imposto para essa família que permita que ela recupere essa quase metade do seu salário. Então é óbvio que há uma corrosão. Se ela não tivesse esses gastos, ela teria condições de gastar na economia, aumentando o potencial de consumo do mercado interno. Mas o acordo político do lulismo engessa, impede que se pague o custo político desse segundo ciclo de políticas contra a desigualdade.
O cientista político André Singer sustenta, com base em pesquisas empíricas, que, entre a parcela mais pobre e vulnerável da classe trabalhadora, predomina a rejeição à radicalização política. Segundo André Singer, o “subproletariado” quer mudanças, mas dentro da ordem. A isso eu acrescento um dado recente: uma pesquisa divulgada mostra que, no Rio de Janeiro, mais da metade da população situada na faixa de renda familiar até 2 salários mínimos é contra os protestos [51% x 44%]. Considerando que o “subproletariado” é base não apenas do governo Dilma, mas de qualquer governo de esquerda, e levando em conta a tese que você sustenta em um de seus livros, de que “o principal problema que acomete a esquerda atual é sua dificuldade em ser uma esquerda popular”(A esquerda que não teme dizer seu nome, Três Estrelas, 2012), como conciliar a necessidade de investir na radicalização política com o desafio de ser “uma esquerda popular”?
Eu tenho certo receio a respeito dessas pesquisas. Não que eu desconsidere a seriedade com que são feitas, mas eu acho que essas pesquisas de opinião têm uma característica muito específica. Não só elas são feitas num determinado momento e retratam bem certos momentos, mas a leitura de que o dito subproletariado é conservador é uma interpretação de dados.
Vou dar um exemplo claro. Durante muito tempo – isso André [Singer] conhece melhor do que eu – as pesquisas sobre a sensibilidade ideológica do eleitorado brasileiro diziam que nós tínhamos um eleitorado majoritariamente conservador, com um núcleo de eleitores de esquerda de 30% e o restante conservador. Num dado momento, acho que depois de muita crítica, resolveram fazer outras perguntas para esse mesmo eleitor, porque normalmente as perguntas eram “você acredita em Deus?”, “você acha que é certo o casamento homossexual?” e coisas dessa natureza. Resolveram então colocar questões econômicas: “você é a favor da intervenção do Estado na economia?”, “você é a favor ou não de serviços públicos?”.
A coisa se inverteu completamente. Então significa o quê? Significa que o eleitorado é conservador? Percebe a sutileza da interpretação? Sob um certo aspecto, ele é conservador. Sob outro, ele guarda bandeiras esquerdistas muito claras. É claro que se você perguntar para alguém – principalmente as pessoas mais vulneráveis – se ela quer ou não uma situação de instabilidade política, onde há rupturas constantes, fora meia dúzia de pessoas que sonham com a revolução permanente, você não vai encontrar ninguém para falar uma coisa dessa natureza.
Mas eu diria que essa talvez nem seja uma questão politicamente relevante, porque a questão é saber com que desejo você trabalha. Você pode querer trabalhar com esse desejo de permanência absoluta. Mas será que ele é o único? Não existiria um outro desejo, não só nas camadas populares, mas na população brasileira, de uma transformação radical das possibilidades de vida? Não seria uma questão política fundamental sua saber politizar esse desejo?
Tal como um indivíduo, camadas da população não têm um desejo só, mas vários desejos, muitos contraditórios entre si, e cabe aqueles que estão diante da experiência política saber dar a certos desejos saber dar a sua potência natural. Nesse sentido eu temo muito essa posição, por mais que ela não seja incorreta, de que, dado o fato de a população mais vulnerável brasileira ter horror ao caos, então é melhor a gente não fazer nada, por perceber o quão difícil é fazer qualquer coisa. Repare que Lula ganhou a eleição em 2002 a despeito disso, dentro de um processo muito forte de demandas de transformação. Os próprios estudos do André [Singer] mostram claramente que esse eleitorado foi para a candidatura Lula em 2006, não em 2002. E a despeito disso se conseguiu impor uma mudança na política brasileira.
Em seu livro A esquerda que não teme dizer seu nome, você critica a esquerda governista pela “incapacidade de sair dos impasses do nosso presidencialismo de coalizão” e, ao mesmo tempo, defende a necessidade de buscar uma nova estratégia “sem ter de apelar para ideias vagas como ‘tudo se resolve por meio da vontade política’”. Se o problema não reside na vontade política, qual é a origem dessa incapacidade?
Um mau raciocínio, uma má avaliação. É um pouco a história da esquerda latino--americana. Eu diria o seguinte: a gente tem o fantasma das transformações que foram fracassadas: o governo Allende, a experiência popular da república brasileira nos anos de 1960, e várias outras.
Por que fracassaram? Por exemplo, o governo Allende. “Ah, fracassou porque ele não conseguiu fazer uma coalizão com a democracia cristã”, “se ele tivesse conquistado o centro, ele teria conseguido se preservar”. E isso ficou durante muito tempo. Eu lembro, por exemplo, quando houve o golpe na Venezuela, diziam na época que Chávez conseguiu voltar porque ele tinha um setor a mais, que normalmente a esquerda não tem, que é o exército.
Então acho que tinha muito essa ideia, de que nós sozinhos não conseguimos, vamos precisar criar coalizões mais amplas. Então, eu diria que esse é um dos fantasmas da esquerda latinoamericana, ou pelo menos de um setor da esquerda. Isso tocou o Brasil. Era um pouco aquela ideia de que é preciso durar, é preciso dar um jeito de durar, pois senão em dois anos vai tudo pro espaço, tudo acaba. Então, criou-se essa noção de que era necessário conseguir construir grandes coalizões.
O PT deveria então ser mais um polo de um consórcio de grandes coalizões. Só tem um preço alto a ser pago. Pode até ser que num dado momento isso possa trazer algum tipo de benefício no que diz respeito à tranquilidade necessária para fazer passar algumas coisas da política. Mas o preço fundamental é o esgarçamento completo do campo político. E quem vai pagar o preço do esgarçamento é quem controla o consórcio. Isso aconteceu em outras circunstâncias. Por exemplo: pega o caso da esquerda italiana. O Partido Comunista Italiano era o maior partido da Europa ocidental. Tinha uma experiência de debates teóricos não negligenciável, é o mínimo que se pode dizer.
O que aconteceu, para que a Itália se transformasse no maior buraco negro da esquerda mundial, com nível zero de qualquer tipo de dinâmica interna no campo da esquerda? Porque quando, enfim, os comunistas chegaram ao poder dentro de uma grande coalizão, e fizeram todos os acordos necessários para colocar a Itália no euro, para fazer todos os pactos que ninguém conseguia fazer com os sindicatos, e então entrar dentro de uma política que, em princípio, seria “responsável”, o preço foi pago por aquele que coordenava o consórcio, porque dele se esperava outra coisa.
Então eu diria que o preço que nós vamos pagar por esse aprisionamento, por essa falta de criatividade política, é alto. E não é só uma questão de falta de vontade, pois não se trata de acreditar que um simples espontaneísmo possa operar grandes transformações, mas eu acho que existe outra coisa chamada criatividade política, que tem a ver com o interesse em experiências distintas que vão forçando a democracia representativa em direção a uma democracia direta, a uma democracia real. São essas experiências que deveriam ser absorvidas, paulatinamente que seja, num projeto de longo prazo, ou localmente que seja, mas que não foram absorvidas em absoluto. Você poderia dizer: “Mas o governo brasileiro é o que tem o maior número de conselhos consultivos do mundo”.
Esse é um belo exemplo. Esses conselhos são exatamente o que são, ou seja, meros conselhos consultivos, não têm nenhum poder deliberativo, que fizesse com que se transferisse poder do Executivo, do Legislativo e do Judiciário em direção aos espaços de democracia direta.
Sobre a violência nas manifestações, você escreveu recentemente: “Melhor seria se procurássemos analisar tal violência como um profundo sintoma social da vida política nacional contemporânea. /.../ a violência aparece como a primeira revolta contra a impotência política./.../ Como todo sintoma, há algo que essa violência nos diz. A resposta a ela não será policial, mas política”. Como você encara o debate sobre a violência na conjuntura atual?
Acho que esse debate está sendo posto de uma maneira muito ruim. Quando eu digo que a violência que aparece hoje nas manifestações é um sintoma social, trata-se de dizer que todo sintoma é uma resposta ruim para um bom problema, uma resposta problemática para um problema concreto. E eu acho que se tende muito a esquecer qual é o problema concreto para o qual essa violência aponta. Essas pessoas que acabaram optando por saídas do tipo Black Blocs, elas não saíram do nada. Se elas começaram a ganhar certa relevância, é porque elas entram dentro de um movimento de surdez da política brasileira em relação à necessidade de ampliação de suas pautas.
Nós podemos falar isso com a maior tranquilidade. No debate presidencial - numa eleição que vai ocorrer daqui meses – você percebe que não há nenhum candidato que seja capaz de vocalizar uma parte que seja de boa parte das demandas que apareceram. Eu acho interessante ver pessoas dizendo haver uma confusão de demandas nas manifestações, mas eu não vejo tanta confusão, na verdade eu vejo coisas muito claras. As pessoas saíram às ruas reclamando que queriam escola pública, que queriam saúde pública, elas falaram que o transporte público no Brasil é medonho. Elas não conseguem entender por que, afinal de contas, esse transporte foi privatizado em várias cidades, com a desculpa de que através da privatização se ganharia em eficácia e eficiência do sistema e, no entanto, graças à privatização, se construiu uma máfia do transporte público, que tem duas funções: a primeira, se autoperpetuar enquanto sistema de rentabilização do capital sem nenhum entrave; a segunda, financiar campanhas políticas.
Não tem nenhuma outra função além dessas duas. Então a gente tem de se perguntar por que isso existe. Por que não é possível quebrar? As pessoas  também reclamaram da estrutura do poder político brasileiro, pois elas não se sentem mais ouvidas. Não é à toa que a população foi quebrar o Congresso Nacional e teve que ser desviada para quebrar o Palácio do Itamaraty. Elas reclamam da Copa do Mundo, e reclamam com propriedade, pois foi vendido algo completamente diferente, de que haveria uma grande modificação da estrutura das cidades brasileiras. Várias pessoas acreditaram nisso e o resultado está muito longe disso. Nesse sentido, eu acho que se esse descontentamento e essa insatisfação aparecem de maneira violenta, não é a primeira vez na história que isso acontece.
De maneira violenta e até mesmo de maneira irracional, no sentido de que não se consegue dirigir, não é a primeira vez que isso acontece. A gente já viu isso em várias e várias circunstâncias. Isso indica simplesmente o quê? Que é necessário saber ouvir – essa é a primeira condição – e depois que é necessário oferecer uma resposta, que não é uma resposta policial, mas uma resposta política.
Tratando das manifestações, você escreveu: “/.../ um acontecimento, por mais intensidade que tenha em sua eclosão, é medido por sua capacidade de deixar marcas. /.../ Convém lembrar que um acontecimento político não é medido, necessariamente, pela modificação institucional que ele produz. Esta pode vir apenas décadas depois”. Que marcas os protestos de junho deixaram?
Elas deixaram muito evidente o nível de descontentamento da população brasileira, e o fato de esse descontentamento ser plástico, ou seja, pode ir para qualquer lugar. Isso é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Essa plasticidade indica haver um combate ideológico e político a ser feito, tendo em vista a capacidade de dar respostas à altura para esse descontentamento. Não apenas dar um nome para ele, mas mostrar que é possível fazer algo. Esse ponto é o que mais me atemoriza na situação brasileira.
Uma das experiências mais interessantes da esquerda dos últimos anos é o que está ocorrendo no Uruguai. Uma belíssima experiência. Por quê? Porque eles tiveram a seguinte sensibilidade: tão importante quanto mostrar à população que a esquerda, quando ganha, é capaz de lutar contra a desigualdade econômica e a pauperização de grandes camadas da população, é mostrar que, quando a esquerda ganha, a vida muda.
Outra vida que aparece. Outras possibilidades das vidas individuais das pessoas que vão aparecendo. Outro modo de se pensar questões no sentido mais amplo da sociabilidade no interior da vida social. Bater de frente com as pautas do conservadorismo moral: aprovar o casamento homossexual, pensar a questão da maconha, do aborto. Então acho que essa é uma grande sensibilidade. Eu acho que esse é o nível de resposta que as pessoas esperam. Mostrar que a vida pode ser diferente, de verdade, naquilo que realmente toca as pessoas, em vários sentidos, em vários aspectos. Nesse sentido, eu temo pela experiência brasileira. Nós perdemos muitas possibilidades de mostrar isso, por fazer cálculos sobre a conjuntura política, sobre a correlação de forças e coisas dessa natureza. Ocorre que a correlação de forças não é uma questão política. E eu não estou propondo um esquerdismo infantil. Há exemplos históricos muito fortes nesse sentido, e que nem precisam vir da esquerda.
Por exemplo: na França, uma das primeiras coisas que o governo Mitterand fez foi acabar com a pena de morte. Todas as pesquisas demonstravam que a população era majoritariamente a favor da pena de morte. E mesmo assim Mitterand acabou com a pena de morte. Hoje, qualquer pesquisa na França demonstra que a população é majoritariamente contra a pena de morte. Há horas que o governo tem de ir lá onde a sociedade não quer ir. Mas, para isso, é necessário ter muita clareza do porquê você está lá. Há horas que a correlação de forças é contra você, mas você faz. A correlação de forças era contra ele, todo mundo gritou, mas ele fez. E passou. E a lei mudou. E foi muito importante que ele tivesse feito dessa forma.

http://www.brasildefato.com.br/node/27694

Economista prêmio Nobel fala sobre distribuição de renda

Liberdade, igualdade, eficiência

Economista prêmio Nobel fala sobre distribuição de renda

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paulkrugman/2014/03/1423239-liberdade-igualdade-eficiencia.shtml

segunda-feira, 10 de março de 2014

Estourou a guerra Google x Globo. À medida em que a guerra avança, surgem os conflitos de interesse entre os próprios grupos da velha mídia

Estourou a guerra Google x Globo. À medida em que a guerra avança, surgem os conflitos de interesse entre os próprios grupos da velha mídia


http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/google-vs-globo-comecou-a-verdadeira-guerra-da-midia.html#

Estourou a guerra Google x Globo. Antes de entrar nos detalhes, vamos entender melhor o que ocorreu no universo midiático nos últimos anos.
Desde meados dos anos 2000 estava claro, para os grandes grupos de mídia, que o grande adversário seriam as redes sociais.
Rupert Murdoch, o precursor, deu a fórmula inicial na qual se espelharam grupos de mídia em países periféricos.
<> Compra de redes sociais.
<> Acesso ao mercado de capitais para alavancar o crescimento.
<> Adquiriu jornais em vários países e fez a aposta maior adquirindo uma rede social bem colocada na época. Falhou. A rede foi derrotada pelos puros-sangues Google e Facebook.
Percebendo a derrota, Murdoch decidiu levar a guerra para o campo da política. Explorou alguns recursos ancestrais de manipulação da informação para estimular um clima de intolerância exacerbada, apelando para os piores sentimentos de manada, especialmente na eleição em que Barack Obama saiu vitorioso.
O candidato de Murdoch perdeu. Não foi por outro motivo que uma das primeiras reuniões de Obama, depois de eleito, foi com os capitães das redes sociais – Apple, Google e Facebook.

O caso brasileiro

No Brasil, sem condições de terçar armas com as grandes redes sociais, os quatro grandes grupos de mídia – Globo, Abril, Folha e Estado – montaram o pacto de 2005, seguindo a receita política de Murdoch.
Exploração da intolerância. Nos EUA, contra imigrantes; aqui, contra tudo o que não cheirasse classe média. Nos EUA, contra a ascendência de Obama; no Brasil, contra a falta de pedigree de Lula.
google brasil guerra globo
Google deverá faturar R$ 2,5 bilhões no Brasil, tornando-se o segundo maior faturamento, atrás apenas da Globo e na frente da Abril (Imagem: Reprodução)
Exploração da dramaturgia. Um dos recursos mais explorados pela mídia de todos os tempos é conferir a personagens reais o mesmo tratamento dado à dramaturgia: transformando adversários em entidades superpoderosas, misteriosas, conspiratórias. O “reino de Drácula”, no caso brasileiro, foi a exploração do tal bolivarianismo, a conspiração das FARCs.
Manipulação ilimitada do produto notícia. É só conferir\\\ a sucessão de capas da revista em sua parceria com Carlinhos Cachoeira. Ali, rompeu-se definitivamente os elos entre notícias e fatos. Instituiu-se um vale-tudo que matou a credibilidade da velha mídia.
Pressão contra a mudança do perfil da publicidade. Historicamente, os grandes veículos sempre se escudaram no conceito de “mídia técnica” para impedir a pulverização da publicidade. Por tal, entenda-se a mídia que alcance o maior número possível de público leitor. Em nome desse conceito vago, investiu contra a Secom (Secretaria de Comunicação do governo) quando esta passou a diversificar sua verba de publicidade, buscando publicações fora do eixo Rio-São Paulo e, timidamente, ousando alguma coisa na Internet.

Quadro atual

Agora, tem-se o seguinte quadro.
A velha mídia montou uma estratégia de confronto-aliança com o governo. Mas suas vitórias resumiram-se a dificultar o acesso de blogs e da mídia regional às verbas públicas.
 
Na grande batalha, perdeu. O Google entrou com tudo no país. Este ano deverá faturar R$ 2,5 bilhões, tornando-se o segundo maior faturamento do país, atrás apenas da Globo, e na frente da Abril.
Tem se valido de duas das ferramentas que a velha mídia utilizava contra concorrentes menores: o BV (Bônus de Veiculação), para atrair as agências; e o conceito de “mídia técnica” (a de maior abrangência).
A Globo reagiu, atuando junto ao governo, e denunciando práticas fiscais do Google, de recorrer a empresas “offshore” para não pagar impostos. Agora, constata-se que a própria Globo também se valeu desse subterfúgio fiscal. E a denúncia é veiculada pelo blog de Miguel do Rosário, um dos mais brilhantes blogueiros oriundo dos novos tempos. A denúncia enfraquece a ofensiva da Globo contra o Google: por aí se entende o desesper do grupo, publicando desmentidos em todos os seus veículos.
E a velha mídia descobre que, em sua estratégia tresloucada para dominar o ambiente política, queimou todos os navios que poderiam levar a alianças com setores nacionais. Apostou no que havia de mais anacrônico, criou um mundo irreal para combater (cheio de guerrilheiros, bolivarianismo, farquismo etc.) e, quando os inimigos contemporâneos entraram em cena, não conseguiu desenvolver um discurso novo. Sua única arma é do tipo Arnaldo Jabor interpretando o Beato Salú e prevendo o fim do mundo e a invasão do chavismo.
É o bolor contra o mundo digital.

Dissidências internas

À medida em que a guerra avança, surgem os conflitos de interesse entre os próprios grupos da velha mídia.
O grupo Folha sentiu-se abandonado pelos demais grupos na sua luta para impedir que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) acabasse com a obrigatoriedade de se ter um provedor para ter acesso à Internet.
Por outro lado, a divulgação dos dados de publicidade do governo mostra que a estratificação das verbas beneficiou as emissoras de TV (especialmente a Globo), em detrimento das publicações impressas.
Em breve, a Secom deverá se posicionar nessa disputa.
Há três tendências se consolidando no âmbito da Secom:
O fim do conceito da “mídia técnica” que, antes, beneficiava os grupos nacionais e agora os prejudica.
O aumento de participação na Internet.
A suspensão de qualquer publicidade pública nas redes sociais.
Luis Nassif, em seu blog

domingo, 9 de março de 2014

Violência também está ligada ao sistema político e frustrações de interesse coletivo


Violência também está ligada ao sistema político e frustrações de interesse coletivo


http://g1.globo.com/globo-news/globo-news-painel/videos/t/todos-os-videos/v/violencia-tambem-esta-ligada-ao-sistema-politico-e-frustracoes-de-interesse-coletivo/3151685/

Ex-advogada do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo


Karen Hudes, despedida por haver revelado informação sobre a corrupção no Banco Mundial, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar nosso planeta.

Texto completo en: http://actualidad.rt.com/economia/view/121399-jurista-banco-mundial-revela-elite-domina-mundo


Karen Hudes é graduada pela Escola de Direito de Yale e trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial por 20 anos. Na qualidade de "assessora jurídica superior", teve acesso a suficiente informações para obter uma visão global de como as elites dominam o mundo. Assim, o que ela diz não é uma "teoria da conspiração" a mais. De acordo com a advogada, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo fechado de instituições financeiras e corporações gigantes para controlar o planeta.
Citando um explosivo estudo suíço publicado em 2011, na revista Plos One, sobre a "rede de controle corporativo global", Hudes assinalou que um pequeno grupo de entidades, em sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exercem uma enorme influência sobre a economia internacional, dos bastidores. "O que realmente está acontecendo é que os recursos do mundo estão sendo dominados por este grupo", explicou a especialista com 20 anos de experiência no Banco Mundial, acrescentando que "os capturadores do poder corruptos" conseguiram dominar também os meios de comunicação também. "É permitido a eles fazer isso", garantiu.
O estudo suíço foi feito por uma equipe do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurich. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores em todo o mundo e descobriram que existe uma "super-entidade" de 147 mega-corporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

Mas as elites globais não apenas controlam estas mega-corporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas controlam as finanças de quase todass as nações do planeta. Trata-se do Banco Mundial, do FMI e dos bancos centrais, como a Federal Reserve estadunidense (e o Banco Central brasileiro, entre tantos - n do T), que controlam toda a emissão de dinheiro e sua circulação internacional.

O banco central dos bancos centrais

A cúpula deste sistema é o Banco de Pagamentos Internacionais, o banco central dos bancos centrais. "Uma organização internacional imensamente poderosa, da qual a maioria nem sequer ouviu falar, controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo todo. É o chamado Bank for International Settlements, o banco central dos bancos centrais. Está sediado em Basiléia, Suíça, mas tem sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo, não eleito e que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...) Hoje, 58 bancos centrais a nível mundial pertencem ao BIS e têm sobre a economia dos Estados Unidos como de qualquer país, mais poder que qualquer político. A cada dois meses, os presidentes dos bancos centrais se reúnem em Basiléia para uma 'Cúpula de Economia Mundial'. onde se tomam decisões que afetam todo homem, mulher e criança do planeta e nenhum de nós tem voz no que se decide. O Banco de Pagamentos Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício de si mesma e cuja finalidade é seu uma das pedras angulares do futuro sistema financeiro global unificado". 

De acordo com Hudes, a ferramenta principal para escravizar nações e governos inteiros é a dívida.

"Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os governos escravos da dívida e querem que nossos políticos sejam usuários das grandes contribuições financeiras que eles canalizam em suas campanhas eleitorais. Como a elite também é dona dos principais meios de comunicações (e controla a esmagadora maioria - n do T), esses veículos nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado no modo de funcionamento do nosso sistema", ela assegurou.

Texto completo en: http://actualidad.rt.com/economia/view/121399-jurista-banco-mundial-revela-elite-domina-mundo
 
http://sobrenuestramerica.blogspot.com.br/2014/03/ex-advogada-do-banco-mundial-revela.html

A importância da observação crítica dos telejornais

A importância da observação crítica dos telejornais

Por Carlos Castilho em 08/03/2014
O papel da televisão no fornecimento de notícias ao público brasileiro é ainda maior do que se imaginava, o que amplia extraordinariamente a importância da observação crítica dos telejornais e programas jornalísticos. O telejornalismo atraiu a atenção de 77,5% dos 18.312 entrevistados na pesquisa nacional de hábitos informativos, realizada pela Secretaria da Comunicação da Presidência da República (Secom) com apoio técnico do Ibope (ver Pesquisa Brasileira de Mídia 2014 – Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira).
Se projetarmos os percentuais para o conjunto da população brasileira – estimada pelo IBGE em 202,76 milhões de habitantes em 2014 – teríamos um total de 196,62 milhões de brasileiros dependentes da televisão como a sua principal fonte de informação, e que nada menos que 157,92 milhões deles assistiriam regularmente a telejornais e programas noticiosos na TV.
A pesquisa, que ouviu pessoas em 848 municípios de todos os estados brasileiros mais o Distrito Federal , concluiu que 45% dos telespectadores de telejornais (total estimado em 71 milhões de pessoas) sintonizam regularmente o Jornal Nacional, da TV Globo, e 16% ( estimativa de 25,2 milhões de pessoas ) assistem diariamente ao Jornal da Record, da TV Record.
Somando-se os totais estimados para apenas dois telejornais teríamos uma audiência possível de quase 97 milhões de brasileiros, ou seja 48% da população nacional dependente de apenas dois telejornais para formar a sua imagem de sua região, de seu país e do mundo. Trata-se de uma enorme concentração da oferta informativa cuja principal consequência é uma forte redução da diversidade de enfoques e perspectivas, algo que já é do domínio comum.
A questão que se coloca agora é a necessidade de submeter a produção jornalística das emissoras de televisão ao mesmo juízo crítico que já é exercido por organizações como o Observatório da Imprensa em relação aos jornais e revistas impressas. Não se trata de patrulhamento no sentido vulgar do termo, mas de uma observação do conteúdo dos telejornais para identificar vieses, intencionais ou não, no tratamento das informações transmitidas aos telespectadores.
Esta é uma missão que supera a capacidade, técnica e humana, de monitoramento televisivo da maioria das organizações e indivíduos que se dedicam à leitura crítica da imprensa impressa e audiovisual. Com dependemos cada vez mais das notícias recebidas da imprensa para tomar decisões, desde as mais simples até as mais complexas, estamos diante de um desafio que atinge a todos nós. A informação que desejamos e necessitamos depende de nós, porque as emissoras de TV, assim como o resto da mídia jornalística, têm seus próprios interesses determinados pela necessidade de sobreviver financeiramente.
A forte dependência em relação ao noticiário produzido por duas emissoras de televisão é um elemento que influi decisivamente na conformação do universo cognitivo dos brasileiros. Cada notícia que recebemos gera uma reflexão individual e comunitária cujos resultados alteram a forma como vemos a realidade do nosso bairro, cidade, país e planeta. Trata-se de uma responsabilidade imensa para as emissoras comerciais de televisão que, no entanto, não conseguem dar conta dela porque precisam impor um ritmo industrial na produção de notícias, visando baratear o seu custo.
Assim, a maioria das notícias que saem num telejornal são aquelas cuja edição e transmissão resultam mais econômicas para a empresa ou atendem a seus interesses comerciais. A lógica empresarial dos telejornais é movida por índices de audiência que, por sua vez, determinam o valor do minuto nos intervalos publicitários. Temas que custam caro para ser transformados em notícia televisiva, como temas comunitários, ou não se situam dentro das preocupações editoriais da empresa, como movimentos políticos alternativos, ou ainda não geram audiências, como reivindicações setoriais, dificilmente entram num telejornal, embora possam ser de interesse de muitos brasileiros.
Nessas condições, o papel da observação crítica passa a ser transcendental para que a sociedade perceba quais as notícias que não recebe nos telejornais. E o tipo de imagem que as emissoras projetam da cidade e do país em que vivemos. 
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http://www.observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/pesquisa_mostra_como_a_critica_dos_telejornais_e_mais_importante_do_que_imaginavamos