Translate / Tradutor

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Como iniciar um movimento


Derek Sivers: Como iniciar um movimento


http://www.ted.com/talks/derek_sivers_how_to_start_a_movement.html

A partir de uma uma surpreendente cena captada em vídeo, Derek Sivers explica como movimentos realmente começam. (DIca: é preciso duas pessoas).

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ex agente explica como USA dominam e escravizam um país!

Ex agente explica como USA dominam e escravizam um país!


http://www.youtube.com/watch?v=GX2eK68M7ME

Reportagem Sobre o Movimento Zeitgeist

Reportagem Sobre o Movimento Zeitgeist - entrevista com Peter Joseph - Legenda Pt/br

http://www.youtube.com/watch?v=Q_cGNm_EuEs

O que é especulação imobiliária?

O que é especulação imobiliária?

Campos Filho (2001, p. 48) define especulação imobiliária, em termos gerais, como
[...] uma forma pela qual os proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente através de investimentos públicos na infra-estrutura e serviços urbanos[...].
A especulação imobiliária, portanto, caracteriza-se pela distribuição coletiva dos custos de melhoria das localizações, ao mesmo tempo em que há uma apropriação privada dos lucros provenientes dessas melhorias.
especulacao_imobiliaria_03
Terreno à espera de valorização em Campo Grande MS. À esquerda é possível ver sua localização central  (em amarelo estão destacadas as duas principais avenidas da cidade). Fonte: google Earth

A forma básica da especulação

Mas o que isso quer dizer? Como é possível “melhorar” uma localização se ela não pode ser mudada? Afinal de contas, um terreno é um bem imóvel. Essas melhorias que acabam valorizando os terrenos podem dar-se de muitas formas; as mais comuns referem-se à provisão de infra-estrutura (água, esgoto, energia), serviços urbanos (creches, escolas, grandes equipamentos urbanos) e às melhorias realizadas nas condições de acessibilidade (abertura de vias, pavimentação, sistema de transporte, etc.).
especulacao_imobiliaria_01
Esquema básico de funcionamento da especulação imobiliária. Elaboração: Renato Saboya.
Tais melhorias, quando realizadas no entorno de um terreno, acabam agregando-lhe maior valor. Terrenos com boa infra-estrutura são mais caros que terrenos sem nenhuma infra-estrutura. O mesmo vale para a pavimentação das vias. Outro caso relativamente comum é o de terrenos que não são muito bem localizados, até que uma nova avenida ou rua importante é aberta, melhorando suas condições de acessibilidade. Seu preço, por consequência, acaba aumentando quase que instantaneamente.
Outra forma de melhoria da localização acontece pelo simples acréscimo de novas edificações no seu entorno, o que por si só torna sua acessibilidade melhor em relação ao conjunto da cidade. Em outras palavras, a ocupação por atividades (residenciais, comerciais, etc.) ao redor de um terreno torna-o mais próximo – e portanto com maior acessibilidade – a uma nova gama de possibilidades de interação com o resto da cidade.Essa possibilidade de interação, por sua vez, é um aspecto valorizado pelas pessoas no momento de escolher um determinado local e, por isso, acaba também contribuindo para o aumento do preço do solo.

Por que a especulação imobiliária é injusta?

Como vimos, o que se chama de “melhoria” de uma localização é o processo através do qual a qualidade da localização de um terreno em relação à disponibilidade de infra-estrutura e a outros terrenos (e portanto a outras atividades e centros de interesse) é aumentada. Dessa forma, os terrenos chamados “de engorda” ficam vazios, à espera de que o desenvolvimento da cidade se encarregue de valorizá-los, sem que nenhum investimento tenha sido feito pelo proprietário (a não ser, é claro, o IPTU, que no entanto é irrisório comparado à valorização da terra). Todo o investimento foi feito pelo Poder Publico, principalmente no caso das infra-estruturas,  e por outros proprietários privados.
Muitos contribuem para a valorização, mas poucos ficam com os lucros.
Para entender esse ponto de vista, é interessante fazer uma comparação: imagine um empreendedor qualquer, que queira ter lucro através da realização de uma determinada atividade. Para conseguir isso, ele tem que investir uma certa quantia de capital e correr um risco, proporcional à probabilidade de o negócio dar certo ou não. Os ganhos, por sua vez, também serão proporcionais ao risco corrido. Ele presta um serviço que, de uma maneira ou de outra, é útil à coletividade e, em troca desse serviço prestado, recebe sua compensação financeira. Nesse processo, ele gera empregos e movimenta a economia.
Por outro lado, o especulador imobiliário que investir a mesma quantia de capital em um terreno ocioso não está contribuindo em nada para a sociedade. Não gera empregos, não presta nenhum tipo de serviço, e pior: ainda traz inúmeros prejuízos para a coletividade, conforme será visto mais adiante. Ainda assim, por causa da valorização imobiliária conseguida através de investimentos feitos por outros setores da sociedade, alcança lucros muitas vezes bastante grandes.

A dispersão urbana e a especulação

Outra maneira de “melhorar” a localização de uma área é melhorar a qualidade dessa localização em relação ao resto das áreas disponíveis no mercado, através do acréscimo de novas áreas que sejam piores que elas. Assim, às vezes o preço de um determinado terreno sobe sem que haja nenhuma modificação no seu entorno. Isso acontece porque loteamentos são criados nas piores localizações, normalmente na periferia, isolados do tecido urbano e em condições precárias de infra-estrutura. Entretanto, mesmo esses loteamentos têm que, no mínimo, cobrir seus gastos de produção e conferir algum lucro ao empreendedor, definindo, portanto, os menores preços do mercado de terras.
especulacao_imobiliaria_tipo_02
Especulação imobiliária decorrente da “periferização”. Elaboração: Renato Saboya.
Com isso, o “ranking” de localizações é rearranjado, pela introdução, na sua base, de uma nova “pior” localização. As outras localizações, por consequência, passam a ser mais valorizadas, por estarem agora mais “distantes” da pior localização e mais próximas das áreas mais interessantes da cidade, ao menos em comparação com essas novas áreas que agora passaram a fazer parte do tecido urbano. Quando um terreno deixa de ser uma das piores localizações, pela adição de novas piores localizações, seu preço sobe automaticamente.
Na maioria das vezes, esse mecanismo está associado também à forma mais básica da especulação imobiliária, uma vez que deve ser feita provisão de infra-estrutura para atender a essas piores localizações, e que essa infra-estrutura acaba passando pelos terrenos mais bem localizados, valorizando-os ainda mais.

Os problemas urbanos gerados pela especulação imobiliária

Apesar de gerar lucro para alguns poucos investidores, a prática da especulação imobiliária é extremamente prejudicial para as cidades. Por causa dela, os tecidos urbanos tendem a ficar excessivamente rarefeitos em alguns locais e densificados em outros, gerando custos financeiros e sociais. A infra-estrutura, por exemplo, é sobrecarregada em algumas áreas e subutilizada em outras, tornando-se, em ambos os casos, mais cara em relação ao número de pessoas atendidas.
A especulação gera maiores distâncias a serem percorridas, subutilização da infra-estrutura e aumento artificial do preço da terra.
As dificuldades de deslocamento da população de mais baixa renda, especialmente nas grandes cidades, também é, em grande parte, decorrente dessa lógica especulativa, que aumenta as distâncias entre habitação e empregos. A urbanização de “piores” localizações empurra a ocupação para lugares cada vez mais distantes, e com isso as distâncias que os novos moradores têm que percorrer acabam aumentando.
Outra possível consequência da retenção especulativa de imóveis é a dificuldade de deslocamento gerada pela escassez de vias e de possíveis caminhos para quem se desloca. Isso acontece quando os terrenos ociosos são grandes, e impedem o surgimento de conexões entre áreas da cidade pelo fato de não estarem parcelados. Todo o fluxo, portanto, precisa desviar-se dessas glebas, causando estrangulamento em alguns pontos e concentração excessiva de tráfego em algumas poucas ruas.

Possíveis soluções

Diante da constatação desse problemas advindos da especulação imobiliária, alguns instrumentos urbanísticos vêm sendo utilizados para tentar coibi-la, com destaque especial para aqueles regulamentados pelo Estatuto da Cidade.
O IPTU progressivo no tempo, por exemplo, permite ao poder público sobretaxar aqueles imóveis que não estiverem cumprindo sua função social, isto é, que estiverem sendo subaproveitados em áreas que possuam infra-estrutura.
A outorga onerosa do direito de construir busca recuperar parte dos investimentos do poder público em infra-estrutura decorrentes do aumento de densidade acarretado por aquelas edificações cuja área ultrapasse a área do terreno (coeficiente 1).
A contribuição de melhoria permite que o poder público cobre dos proprietários beneficiados por obras de melhoria urbana o valor do investimento.
Entretanto, a aplicação de tais instrumentos nem sempre são implementadas, mesmo com a nova leva de planos diretores participativos, principalmente por causa de hábitos e crenças há muito tempo arraigados na cultura do brasileiro. Como explicar a alguém que sempre viu seus pais e avós segurando a venda de terras para esperar os melhores preços que agora ele não poderá mais fazer isso, sob pena de pagar mais impostos? Tarefa difícil, mas que deve ser levada a cabo paulatina e constantemente, para que seja possível modificar essa mentalidade e criar cidades mais justas para todos.

Referências bibliográficas

CAMPOS FILHO, Candido Malta. Cidades brasileiras: seu controle ou o caos. 4 ed. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

http://urbanidades.arq.br/2008/09/o-que-e-especulacao-imobiliaria/

Transporte público gratuito existe e não é coisa de maluco

Transporte público gratuito existe e não é coisa de maluco

por Thalita Pires, da RBA publicado 30/10/2012 18:15, última modificação 31/10/2012 15:42
Transporte público, bom e gratuito já é realidade em cidades como a norte-americana Chapell Hill: hora de estudar viabilidades no Brasil (CC/Wikimedia_
O tema do valor do transporte público é sempre sensível nas cidades brasileiras. A cada aumento de tarifa, vozes se levantam para cobrar um subsídio maior para o uso de ônibus e trens. A resposta das prefeituras e governos estaduais é sempre a mesma: alguém tem de pagar pelo sistema, cujos custos sempre aumentam. Mas essa discussão chegou em outro nível em várias cidades nos Estados Unidos e Europa. Nelas, os moradores não pagam para usar o transporte coletivo. Entre elas estão Châteauroux, Vitré e Compiègne, na França; Hasselt, na Bélgica; Lubben, na Alemanha e Island County, Chapel Hill, Vail e Commerce, nos Estados Unidos, entre outras. A próxima a adotar a ideia será Tallinn, a capital da Estônia, no final deste ano.
A ideia de gratuidade no transporte vai contra tudo o que nos disseram sobre o assunto aqui no Brasil, a saber: sem pagamento, o sistema ficaria sem recursos, e em algum momento se tornaria inviável. Mas existem teóricos e administradores públicos que defendem que é economicamente viável – ou até preferível – que as pessoas não paguem por ele.
As vantagens de não se cobrar pelo uso de trens e ônibus são várias: promoção de uma certa justiça social, já que o peso do pagamento de transporte público é grande para a população mais pobre, que é a que mais precisa dele; redução da emissão de poluentes; menos poluição sonora; redução do uso de combustíveis fósseis; diminuição dos gastos em obras viárias, já que o carro seria menos necessário; aumento do uso do espaço público, pois as pessoas precisariam andar mais nas ruas para usar o transporte; eliminação dos gastos com o sistema de cobrança, entre outras.
Em Châteauroux, cidade de 49 mil habitantes, a média de uso do ônibus era de 21 viagens por ano, contra uma média de 38 em outras cidades pequenas da França. Depois da implementação da gratuidade, esse número saltou para 61 viagens por ano. Em Hasselt, o uso do transporte público subiu mais de 1000% desde que passou a ser gratuito.
O aumento no número de usuários é um dos indicadores para o sucesso do sistema, pois significa que as pessoas trocaram de meio de transporte: se deixaram o carro, contribuíram para a diminuição do trânsito, e se de outra forma teriam ido a pé ou de bicicleta, ajudaram a reduzir os riscos de acidentes como atropelamentos, diminuindo ainda mais o gasto com os carros (nesse caso, os custos de acidentes desse tipo entram na conta do transporte individual motorizado).
Os teóricos do transporte gratuito dizem ainda que, a cada aumento de tarifa, existe uma diminuição no número de usuários, que passam a não poder pagar ou encontram uma alternativa economicamente mais viável para se locomover. Isso diminuiu ou até anula o aumento da arrecadação esperado com o aumento da tarifa, fazendo com que o sistema fique cada vez menos viável, já que menos pessoas têm de pagar mais para as mesmas viagens.
Outro motivo econômico importante para a abolição das tarifas é que o sistema de cobrança custa muito dinheiro. Um estudo patrocinado pela Administração Federal de Transportes dos  Estados Unidos mostrou que os gastos com o sistema de cobrança pode chegar a 20% de toda a renda com o pagamento de tarifas. Isso inclui gastos com máquinas de vendas, pessoal, contagem do dinheiro coletado e custos afins.

Mas quem paga por isso, afinal?

Embora os sistemas de financiamento variem um pouco de cidade para cidade, o princípio é sempre o mesmo. O transporte público é bancado por impostos. Em Hasselt, na Bélgica, 1% dos impostos municipais vai para o sistema de ônibus. No condado de Island, Washington, 6% do dinheiro arrecadado com o imposto sobre vendas vai para o transporte público. Em Châteauroux, os recursos vêm dos impostos sobre os salários, pagos pelos empregadores. As possibilidades são variadas.
Financiar o sistema de transporte com impostos pode parecer uma ideia, digamos assim, muito comunista. Mas por que faz mais sentido pagar desse modo por saúde, educação e, pior, construção de ruas e avenidas para os carros? Por uma questão de justiça social, o transporte público também poderia ser incluído no rol de serviços custeados por impostos. Afinal, quem não anda de transporte público, especialmente no Brasil e nos Estados Unidos, acaba escolhendo carro ou moto para se locomover, aumentando custos de obras, da saúde, da limpeza pública, entre outros, além de contribuir para a emissão de poluentes. Há aqueles que não têm outra alternativa senão andar, e esses seriam os maiores beneficiados.
O segredo para o sucesso da gratuidade nas cidades citadas – e até agora todas elas se consideram casos de sucesso – é o planejamento anterior. Algumas delas fizeram investimentos maciços no transporte público antes de abolir as tarifas, para tornar o sistema atraente para um maior número de pessoas.
A grande questão que fica é se isso seria aplicável no Brasil. Isso depende de estudos aprofundados, que só podem ser feitos individualmente em cada cidade. Nas metrópoles, por exemplo, os sistemas de transportes já são tão lotados que qualquer ideia nesse sentido teria de ser precedida por um aumento massivo na oferta de ônibus e transporte sobre trilhos. É mais provável, no entanto, que seja um conceito inaplicável em grandes cidades, restando a ideia de maior subsídio ao sistema. Em cidade menores, talvez esse conceito seja mais facilmente aplicável. Mas, ao analisar que as tarifas estão chegando ao patamar dos R$ 3 para cada viagem (ou conjunto de viagens, no caso de São Paulo), é bom saber que existem exemplos que desafiam a lógica que impera por aqui. Resta saber qual seria a popularidade dessas ideias entre administradores públicos, empresários do setor de transporte e contribuintes que acham que não seriam beneficiados com a medida.

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/desafiosurbanos/2012/10/transporte-publico-gratuito-existe-e-nao-e-coisa-de-maluco

Câmara aprova PEC que torna transporte público direito social


04/12/2013 22h25 - Atualizado em 04/12/2013 22h53

Câmara aprova PEC que torna transporte público direito social

PEC apresentada em 2011 ganhou força após manifestações populares.
Proposta precisa passar por votação no Senado antes de ser promulgada.

Felipe Néri e Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
141 comentários
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4) em dois turnos proposta de emenda à Constituição (PEC) que torna o transporte público um direito social. Apesar de alterar a Constituição, o texto não cria parâmetros que estabeleçam a garantia desse direito. A proposta ainda precisa ser votada em dois turnos no Senado antes de ser promulgada pelo Congresso.
A PEC, de autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), foi protocolada em 2011, mas só foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em junho, após as manifestações de rua que se espalharam pelo país.
Caso o texto seja aprovado em definitivo pelo Congresso, o transporte passará a ser mais um direito social garantido pela Constituição. Hoje a Carta Magna estabelece como direito social educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.
Antes de iniciar a votação em plenário, a deputada Luiza Erundina solicitou que o texto fosse retirado de pauta, receosa de que não houvesse quórum mínimo para garantir os 308 votos necessários à aprovação. No entanto, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, segurou a sessão até que houvesse quórum seguro para a aprovação em dois turnos.
A sociedade não vai entender se esta Casa não votar favoravelmente"
Luiza Erundina,
autora da PEC
Erundina lembrou que a mobilidade urbana foi o tema que motivou o início das manifestações populares.
"Este ano, o movimento de rua confirmou o problema grave da mobilidade urbana do transporte público nas grandes cidades. [...] A sociedade não vai entender se esta Casa não votar favoravelmente a esta proposta", declarou Erundina.
Desde que a Constituição foi promulgada, em 1988, os congressistas já promoveram duas modificações no artigo que trata sobre os direitos sociais. Em 2000, foi aprovada emenda que acrescentou a moradia à lista de direitos sociais. Uma década depois, outra emenda declarou que a alimentação também é um direito fundamental dos cidadãos brasileiros.

Na justificativa da proposta, Erundina argumenta que o transporte público deve ser incluído como garantia fundamental dos cidadãos, pois é necessário para o acesso a bens e serviços essenciais.

"O transporte, notadamente público, cumpre função social vital, uma vez que o maior ou menor acesso aos meios de transporte por tornar-se determinante à própria emancipação social e o bem-estar daqueles segmentos que não possuem meios próprios de locomoção", argumentou a parlamentar.

Urbanismo e manipulação política

Luiz Carlos Costa


O assunto é planejar São Paulo


Urbanismo e manipulação política


Em 1988, já sabíamos que os interesses particulares fariam tudo para dominar os planos diretores, permitindo projetos muito adensados e elitizados
É possível salvar as grandes cidades brasileiras da crise profunda que as assola.
Para isso, a sociedade, lançando mão de todos os recursos que hoje pode mobilizar, tem de implantar uma política de desenvolvimento urbano competente, para transformar estruturalmente o processo pelo qual as cidades são produzidas, apropriadas e utilizadas, submetendo-o a objetivos e critérios democraticamente escolhidos.
Foi com essa perspectiva que segmentos mais conscientes e responsáveis da sociedade trabalharam desde a década de 1980 para introduzir na Constituição de 1988 dispositivos que tornaram obrigatória em cada cidade a instituição de planos diretores que pudessem cumprir essa missão, caso fossem elaborados e aprovados com a mais plena e efetiva participação popular.
Essa condição era essencial, pois todos sabíamos que as forças econômicas e políticas dominantes do processo urbano local tudo fariam para dominar o próprio plano diretor a fim de que ele acabasse servindo a seus interesses particulares.
Mesmo que contrariando os objetivos e critérios -sociais, econômicos, ambientais e de governabilidade- que o conjunto da sociedade escolhesse como prioritários.
No caso de São Paulo, essas investidas se concretizaram através de manobras políticas em favor de duas categorias de agentes dominantes do processo urbano.
De um lado, os agentes econômicos -notadamente empreendedores imobiliários- decididos a maximizar seus ganhos com a promoção de projetos tão adensados e elitizados quanto possível.
De outro lado, os ocupantes de cargos públicas decididos a associar os seus mandatos a obras e programas de grande visibilidade que atendam a sua clientela política e os agentes privados que viabilizam as suas campanhas.
Essas categorias têm se organizado reservadamente em São Paulo, de forma a gerar proposições de seu interesse comum e imediato, que possam ser rapidamente aprovados e implementados como fatos consumados, sem que a coletividade atingida possa discuti-los.
São proposições interesseiras que buscam, entre outros objetivos:
- Aumentar os índices de aproveitamento e ocupação dos terrenos de cada zona;
- Ampliar a outorga onerosa do direito de construir acima do permitido pelo zoneamento;
- Reduzir o quanto possível as zonas especiais destinadas à habitação popular, à preservação ambiental e aos equipamentos públicos necessários;
- E como ampliar e multiplicar as chamadas operações urbanas, que possibilitam ao setor imobiliário promover a seu critério a reurbanização de grandes áreas com projetos de potencial construtivo muito ampliado.
Em todo esse processo, a sociedade é vitimada por uma condução parcial, autoritária e manipuladora do Executivo e do Legislativo municipais, que são os poderes que deveriam preservar o direito de todos os cidadãos de participarem livre e conscientemente do processo de planejamento de sua própria cidade.
Diante da obrigação legal de um novo plano diretor já no próximo ano, é fundamental que sua formulação passe a ser programada de forma competente e democrática, com objetivos e princípios claros e com um método que assegure a definição de políticas públicas eficazes e viáveis, aprovadas e fiscalizadas pelos cidadãos e suas associações.
Interessa portanto a todos os eleitores conhecer já os compromissos e diretrizes dos candidatos nas eleições municipais para a condução do plano diretor e, especificamente, para a neutralização das manobras políticas montadas para desvirtuá-lo e impedir a participação popular.
LUIZ CARLOS COSTA, 76, professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, é consultor em planejamento urbano e diretor do Movimento Defenda São Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/42720-urbanismo-e-manipulacao-politica.shtml

PS Albufeira afirma: “Candidato do PSD confessa interesses pessoais no Plano Urbanístico aprovado pelo seu partido”

PS Albufeira afirma: “Candidato do PSD confessa interesses pessoais no Plano Urbanístico aprovado pelo seu partido”

O candidato do PSD à câmara de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, confessou ter interesses pessoais associados ao Plano de Urbanização de Albufeira (PUCA) aprovado esta quarta-feira, por maioria pelo seu partido na Assembleia Municipal da qual é Presidente eleito.
Layout1
Carlos Silva e Sousa, que conduziu todos os trabalhos da Assembleia, usou de uma habilidade formal  para  não votar mas permitir a  aprovação do referido Plano,  a 15 dias das eleições autárquicas, reconhecendo “em declaração para a acta que se ausentava da reunião porque tinha interesses na deliberação”.
“Quem pode confiar numa pessoa com estas responsabilidades e com pretensão de querer vir a ser Presidente da Câmara, que se comporta desta forma e que surge associado como ele próprio confessou a interesses?” – interrogam os socialistas.
Agora começa a perceber-se a pressa e o secretismo na condução deste Plano e da sua aprovação à pressa e à revelia da população – salienta o Partido Socialista.
Segundo o PS, que votou contra o Plano com mais dois elementos do PSD, “o candidato Carlos Silva e Sousa quer aparecer de mãos limpas como Pilatos de uma deliberação que ele preparou para ser aprovada, numa Assembleia convocada por si e com uma agenda previamente definida também por si”.
Mesmo ausente da votação, o candidato do PSD à Câmara não deixou, por isso, de garantir a aprovação do Plano, uma vez que ele controla politicamente a Assembleia Municipal, a Câmara e todos os órgãos do seu partido na concelhia.
De facto, Carlos Silva e Sousa é, simultaneamente, presidente da Comissão Concelhia do PSD de Albufeira, Presidente da Assembleia Municipal e todos os vereadores que votaram o Plano na Câmara, são membros da sua lista que ele próprio escolheu para as eleições autárquicas.
“Fez todo o trabalho de casa para garantir a aprovação do Plano, segundo uma estratégia que lhe garante a protecção jurídico formal, por ter interesses próprios, como ele confessou, mas que não pretende que esse facto passe para a opinião pública de forma tão chocantemente clara”.
Por este facto, se pode perceber que haja no Plano “soluções” ou “interesses” de planeamento urbanístico associados ao PUCA que podem ter execução imediata e outros não, o que ajuda a explicar a pressa na sua aprovação a 15 dias das eleições.”
No período destinado à intervenção do público e antes da saída do Presidente da Assembleia, Fernando Anastácio, candidato socialista, assumiu o compromisso de enquanto cidadão e futuro autarca, tudo fazer, inclusive se necessário recorrer aos tribunais e a todas as vias legais existentes para impedir que “esta aprovação que lesa cidade e concelho” prossiga.
Segundo o PS e técnicos de planeamento e urbanismo, o Plano vai eliminar o anel verde da cidade previsto no Polis de Albufeira, permitindo aumentar em cerca de metade a área residencial construída e proporcionalmente, o número atual da população de Albufeira e do seu perímetro envolvente.
“Trata-se de decisão que lesa cidade e vai contra os interesses públicos gerais, da economia e do concelho estando em causa a sustentabilidade e o futuro da cidade de Albufeira”, disse Ricardo Clemente, Presidente da Concelhia do PS e candidato a Presidente da Junta da União das Freguesias de Albufeira Olhos de Água, adiantando que “na prática, trata-se de trocar uma mancha verde que viria requalificar Albufeira e o concelho, por mais betão”.
Além do mais e de acordo com o parecer emitido pela CCDRA (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve) “há uma clara violação das normas urbanísticas”  e o Plano assenta numa metodologia fora de tempo, inadequada, injusta e pouco transparente.
“Este Plano contraria todas as tendências e opiniões que convergem na defesa de um novo modelo de desenvolvimento sustentável e reduz o anel verde e as propostas de estruturas de circulação, pedonal e de ciclovias a uma insignificância
A saída de Carlos Silva e Sousa da Assembleia, não foi mais do que uma forma de lavar as mãos como “pilatos” depois ter garantida a aprovação do Plano com os votos da maioria do PSD que ele controla e cuja orientação de voto dirigiu.
Perante esta atitude bem como a falta de abertura da Mesa da Assembleia para discutir este assunto pretendendo passar apressadamente à sua votação, ao que se alia o fato de pretender, em violação do regimento, continuar os trabalhos para aprovar uma lista extensa de decisões, marcadas pela natureza eleitoralista das mesmas, não quanto ao seu teor mas por só acontecerem agora, quando há muito tempo que deveriam ter sido tomadas. Em 12 anos nunca as propuseram nem aprovaram e vêm agora, a 15 das da eleições, aprová-las, usando os órgãos do município como instrumento da sua campanha eleitoral.
Face a todo este despautério, líder da bancada socialista, Francisco Oliveira e também candidato a Presidente da Assembleia Municipal e os demais autarcas eleitos pelo PS, pela meia-noite, hora a que os trabalhos devem cessar, de acordo com o regimento de funcionamento da Assembleia, entenderam, por respeito para com os munícipes e instituições abandonar a sala, deixando o PSD, agora já com o seu líder de novo presente, entregue à sua campanha eleitoral.
A secção Concelhia do PS Albufeira

http://planetalgarve.com/2013/09/13/ps-albufeira-afirma-candidato-do-psd-confessa-interesses-pessoais-no-plano-urbanistico-aprovado-pelo-seu-partido/

O jornalismo na era dos creative commons. Entrevista especial com Natalia Viana

O jornalismo na era dos creative commons. Entrevista especial com Natalia Viana

“O jornalismo investigativo leva muito tempo para ser produzido, ele não é lucrativo, ele nem sempre vende. No entanto, é extremamente necessário para a democracia”, afirma a diretora da Agência Pública de jornalismo investigativo
alt
Primeiro livro-reportagem da agência. Foto: Pública
Em tempos de internet, a lógica que há séculos orientava a produção jornalística vem precisando ser constantemente repensada. A articulação em rede, a facilidade de produção e a livre circulação de informações abriram novas possibilidades comunicacionais em todo o mundo, que independem das grandes corporações de mídia. São iniciativas independentes, sem fins lucrativos ou até voluntárias, financiadas e mantidas por fundações, entidades filantrópicas ou mesmo pelo próprio público leitor.
É um “jornalismo crowdfunding”, que produz material de direito livre (creative common) e ganha a web através de uma rede de parceiros e replicadores. Um jornalismo que não perde de vista o interesse público e oferece um trabalho denso de reportagem e investigação que, muitas vezes, não encontra mais espaço nos grandes veículos de mídia.
No Brasil, um dos exemplos deste tipo de iniciativa é o caso da Pública - Agência de reportagem e jornalismo investigativo. Fundada em 2011 por três amigas jornalistas, a agência já emplacou diversas reportagens premiadas e com grande repercussão. Em 2013, por meio de uma plataforma de Crowdfunding, a agência conseguiu angariar R$ 59 mil em doações para a concessão de microbolsas para reportagens independentes, com 12 jornalistas contemplados. O trabalho mais recente foi o lançamento do primeiro livro-reportagem, intitulado Amazônia Pública.
Em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, Natalia Viana, uma das fundadoras da Pública, compartilha sua visão sobre o mercado e seus profissionais, e as possibilidades midiáticas geradas por experiências de jornalismo independente. “Pública faz parte de uma rede que tem dez outros sites semelhantes, cada um com sua especificidade”, elenca. Em uma época em que a mídia hegemônica reinava absoluta, seja na televisão ou nas bancas de jornais, fazia sentido pensar em uma mídia alternativa. No entanto, em um contexto de perda da audiência, circulação e credibilidade das grandes corporações, tal oposição perdeu o sentido. “Na imprensa estamos passando de um cenário de mídia de massas para um cenário de massa de mídias”, pontua ela. “A tendência agora é reverter a concentração.”
                            alt
Chamada de capa de uma reportagem da Agência. Foto: Pública
Para Natalia não existe uma crise do jornalismo, mas uma crise na indústria. “A internet traz uma possibilidade tecnológica que acaba com aquilo que conformava a indústria da notícia: o fato de que eles tinham os meios de produção e de divulgação em suas mãos”, esclarece. As diversas iniciativas de jornalismo independente espalhadas por todo o mundo são evidências claras de que a atividade jornalística permanece relevante, independente das grandes corporações. “O jornalismo é uma produção humana, uma produção cultural. Ele não vai deixar de existir por uma crise no modelo de produção”, finaliza.
Natalia Viana é graduada em Jornalismo pela PUC/SP e possui mestrado em Radiojornalismo no Goldsmiths College, na University of London. Trabalhou e colaborou com diversos veículos nacionais e internacionais, como a Revista Caros Amigos, Carta Capital e o The Guardian (Reino Unido). Como jornalista independente, atuou também como colaboradora do WikiLeaks.
alt
Natália Viana. Foto: Portal Imprensa
Viana é autora de Plantados no Chão - Assassinatos Políticos no Brasil de Hoje (São Paulo: Conrad, 2007) e Jornal Movimento, uma reportagem (Editora Manifesto, São Paulo, 2011). É ela também quem assina a introdução do livro de Julian Assange, Cypherpunks: Liberdade e o futuro da internet (São Paulo: Boitempo, 2013).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - A Pública surgiu em 2011 como uma iniciativa sua e de outras duas jornalistas, propondo um modelo de negócios sem fins lucrativos para financiar as grandes reportagens. Como manter a empresa funcionando seguindo este modelo?
Natalia Viana - A Pública não é uma “empresa”, porque as empresas têm fins lucrativos. Também não gosto muito do termo “modelo de negócios”, porque implica que você tem um “negócio”. Nós produzimos no sistema de creative commons, onde tudo é livremente e gratuitamente reproduzido. Temos uma série de mais de 50 republicadores, que utilizam nosso conteúdo gratuitamente, quer dizer, não tem essa coisa de direitos autorais. Não comercializamos a nossa produção.
O nosso financiamento vem basicamente de aportes financeiros de fundações. Temos uma parceria muito forte com a Fundação Ford, com a Open Society Foundation e também com outras duas fundações, a CLUA (Climate and Land Use Alliance) e a Omidyar Network, que começou a dar um apoio bastante bacana no nosso projeto de crowdfunding, uma receita bastante importante de financiamento. Fizemos um crowdfunding ano passado, conseguimos arrecadar R$ 59 mil para distribuir bolsas para jornalistas independentes fazerem reportagens. Nós chamamos todas as pessoas que doaram para este crowdfunding para uma votação que elegeu quais seriam os projetos que deveriam ser realizados. Conseguimos distribuir 12 bolsas para reportagens que vão ser publicadas em 2014.
alt         "Cada iniciativa é fruto da história. A Pública apareceu agora porque nos são dadas as ferramentas que utilizamos"       
IHU On-Line - Com que objetivo a agência foi criada?
Natalia Viana - A nossa missão é produzir e fomentar o jornalismo investigativo independente no Brasil. Sentimos que era necessário ter um grupo independente de jornalistas dedicados a fazer jornalismo investigativo, que é uma área do jornalismo que está em crise no mundo inteiro — aí sim, por causa do modelo de negócios, que é o da mídia de massas. Um modelo que visa ao lucro. O jornalismo investigativo leva muito tempo para ser produzido, ele não é lucrativo, ele nem sempre vende. No entanto, é extremamente necessário para a democracia. Esse tipo de iniciativa já existe em vários países do mundo, nos Estados Unidos existe desde o final da década de 1970. São organizações sem fins lucrativos cujo objetivo é fazer jornalismo com viés público, jornalismo investigativo, jornalismo sem ser partidário.
IHU On-Line - Na América Latina existem outras experiências similares?
Natalia Viana - Muitas. A Pública faz parte de uma rede que tem dez outros sites semelhantes, cada um com sua especificidade. O CIPER (Centro de Investigación e Información Periodística) no Chile, IDL-Reporteros no Peru, La Silla Vacía na Colômbia, Plaza Publica na Guatemala, Confidencial na Nicarágua, El Faro em El Salvador, Animal Político, que é um site mexicano... Acabei de conhecer um grupo interessante no Equador que se chama Plan V, então existem muitos. É uma tendência que está aparecendo na América Latina bem fortemente.
IHU On-Line - Você encara estas experiências como imprensa alternativa? Se sim, alternativa a quê?
Natalia Viana - Não. Eu não uso muito esse termo. Justamente porque o uso do termo faz parecer que existe uma coisa que é “normal” e outra que é alternativa. Cada vez mais o que os estudiosos dizem, e eu concordo, é que na imprensa estamos passando de um cenário de mídia de massas para um cenário de massa de mídias. Ou seja, a tendência agora é reverter a concentração. Os grandes conglomerados estão perdendo não só a credibilidade como a visitação para iniciativas pequenas, então vão começar a pipocar muitas. Neste contexto, penso que o termo “alternativo” não faz muito sentido. Fazia na época da Ditadura, por exemplo, hoje não mais.

IHU On-Line - Qual você acredita ser o elemento fundamental do jornalismo? A reportagem? A investigação?

   

"O preconceito afeta muito a sua capacidade de ouvir o outro, e todo bom jornalista precisa saber ouvir"       

alt

Natalia Viana - É a informação. A informação e o fato. Outro elemento que para mim também é muito importante no jornalismo é a narração. Saber contar uma história. O jornalismo que nós praticamos é assim: é fato — não opinião, mas fato, e o saber narrar. Eu não concordo com as pessoas que dizem que todo jornalismo é investigativo, que se não é investigativo não é jornalismo. Ou que dizem que o investigativo seria um jornalismo puro, ou melhor. Eu não acho. Penso que o jornalismo de cobertura é tão importante quanto, que o jornalismo de entretenimento é tão importante quanto... São tipos diferentes de jornalismo praticados por tipos diferentes de profissionais.
IHU On-Line - Existe uma crise no jornalismo? Ou existe uma crise de modelo de negócios do jornalismo?
Natalia Viana - É uma crise da indústria. Não só do modelo de negócio, mas da indústria de jornalismo em si. Isso é uma coisa bastante normal. O que acontece é que a internet traz uma possibilidade tecnológica que acaba com aquilo que conformava a indústria da notícia: o fato de que eles tinham os meios de produção e de divulgação em suas mãos. Agora já não é assim, porque todo mundo pode produzir e pode distribuir. Necessariamente, há uma queda importante na estrutura de produção.
É essa crise que está acontecendo agora. O jornalismo continua acontecendo, estão pipocando muitas iniciativas bacanas, muitas nem mesmo calcadas em financiamento. Muitas voluntárias, como é o caso do Mídia Ninja. O jornalismo é uma produção humana, uma produção cultural. Ele não vai deixar de existir por uma crise no modelo de produção.
IHU On-Line - Se todos conseguem produzir, como fica a preocupação com a apuração, tendo em vista a opinião e interpretação que muitas vezes envolvem o fato?
Natalia Viana - Aí vai de quem está produzindo e do leitor. Na internet há realmente muita opinião, e isso não é ruim. Mas nós, desde o começo da Pública, sempre tivemos a visão de que o nosso papel era o de publicar fatos, dados e reportagens fundamentadas. Tanto que não produzimos nenhum artigo de opinião, não produzimos análises, só reportagem, porque era justamente o que achávamos que estava faltando.
alt
Vídeo da campanha de crowdfunding. Foto: Pública
IHU On-Line - Em que medida você acredita que a internet impacta na produção jornalística? Seria possível repetir uma experiência como a Pública em matéria de circulação e relevância social em um mundo off-line?
Natalia Viana - Não acredito que seja possível fazer esse tipo de relação, porque as iniciativas são frutos do seu tempo. No Brasil, durante os anos 1970, houve iniciativas importantíssimas neste sentido, como foi o jornal Movimento (1975-1981). Eu escrevi um livro sobre a história do jornal junto com a Marina (Amaral), a outra diretora da Pública, e o (Carlos) Azevedo, nosso conselheiro. Uma das coisas que eu estudei para esse livro é justamente como eles faziam a distribuição, que era uma história fantástica. Era um jornal pró-democracia em plena Ditadura, que era impresso em uma gráfica aqui em São Paulo; as pessoas faziam um mutirão de sexta para o sábado de manhã para embalar, levar ao aeroporto e despachar por avião. Havia voluntários em cada uma das cidades, normalmente estudantes, que recebiam o jornal e iam vendê-lo de bar em bar. Foi uma iniciativa bastante importante, que teve impacto político significativo; em outra época, mas teve impacto. Cada iniciativa é fruto da história, a Pública apareceu agora porque nos são dadas as ferramentas que utilizamos.
IHU On-Line - Qual a sua opinião sobre a necessidade de um diploma em jornalismo?
Natalia Viana - É muito importante ter uma boa formação, e o jornalista precisa ter uma formação sólida. Pessoalmente eu não sou favorável à obrigatoriedade do diploma, mas esta é a minha opinião e não a da Pública. Se o profissional é formado, é claro que ele vai ser um melhor jornalista, mas a questão é se nossas universidades estão provendo isso ou não. Essa discussão é extremamente polêmica no mundo inteiro, não há uma regra única. Existem vários países onde o diploma não é obrigatório e o jornalismo funciona muito bem. No Brasil, adotar o diploma também teve uma função importante na profissionalização da atividade jornalística, e historicamente essa conquista foi muito importante, mas penso que isso está aberto para debate.
IHU On-Line - O que distingue um bom jornalista?
Natalia Viana - Eu discuto muito isso com a Marina (Amaral) e chegamos a uma conclusão inesperada. Obviamente, além de se ater aos fatos, o jornalista tem que ser completamente comprometido e apaixonado, muitas vezes obcecado para chegar o mais próximo da realidade do fato, incansável, persistente e muito chato. Mas, para nós, a ausência de preconceito é um ponto fundamental. O preconceito afeta muito a sua capacidade de ouvir o outro, e todo bom jornalista precisa saber ouvir. O bom jornalista não tem preconceito.
(Por Andriolli Costa)


http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/527682-o-jornalismo-na-era-dos-creative-commons-entrevista-especial-com-natalia-viana

Serge Latouche, o precursor da teoria do decrescimento, defende uma sociedade que produza menos e consuma menos


Era o ano 2001, quando ao economista Serge Latouche coube moderar um debate organizado pela UNESCO. Na mesa, à sua esquerda, lembra, estava sentado o ativista antiglobalização José Bové; e um pouco além, o pensador austríaco Ivan Illich. Naquele momento, Latouche já havia tido a oportunidade de comprovar em campo, no continente africano, os efeitos que a ocidentalização produzia sobre o chamado Terceiro Mundo.
A reportagem é publicada no sítio Redes Cristianas, 31-08-2013. A tradução é do Cepat.
Naqueles anos, o que estava em moda era falar de desenvolvimento sustentável. Entretanto, para os que discordavam deste conceito, o que o desenvolvimento conseguia era tudo, menos a sustentabilidade.
Foi nesse colóquio que a teoria do decrescimento começou a alçar voo. Um conceito que um grupo de mentes com inquietudes ecológicas resgataram do título de uma coleção de ensaios do matemático romeno Nicholas Georgescu-Roegen. A palavra decrescimento foi escolhida para provocar. Para despertar as consciências. “Era preciso sair da religião do crescimento”, diz o professor Latouche...
Foi assim que nasceu esta linha de pensamento... Um movimento que poderia se enquadrar dentro de certo tipo de ecossocialismo para bradar contra a cultura do usar e jogar, da obsolescência programada, o crédito sem tom, nem som e os atropelos que ameaçam o futuro do planeta.
Estamos imersos em plena crise. Para onde você acredita que o mundo caminha?
“Atualmente, a crise que estamos vivendo vem se somar com muitas outras, e todas se misturam. Já não se trata de uma crise econômica e financeira, mas é uma crise ecológica, social, cultural..., ou seja, uma crise de civilização. Alguns falam de crise antropológica...”.
É uma crise do capitalismo?
“Sim. O capitalismo sempre esteve em crise. É um sistema cujo equilíbrio é como o do ciclista, que nunca pode deixar de pedalar, caso contrário, cai no chão. O capitalismo sempre deve estar em crescimento, caso contrário é a catástrofe. Há trinta anos não há crescimento, desde a primeira crise do petróleo; desde então, temos pedalado no vazio. Não houve um crescimento real, mas um crescimento da especulação imobiliária, das bolsas. E agora esse crescimento também está em crise”.
Latouche defende uma sociedade que produza menos e consuma menos. Sustenta que é a única maneira de frear a destruição do meio ambiente, que ameaça seriamente o futuro da humanidade. “É preciso uma revolução. Porém, isso não quer dizer que haja que massacrar e apertar as pessoas. É preciso uma mudança radical de orientação”. Em seu último livro, “A sociedade da abundância frugal”, editado por Icaria, explica que é necessário almejar uma melhor qualidade de vida e não um crescimento ilimitado do Produto Interno Bruto. Não se trata de defender o crescimento negativo, mas um reordenamento de prioridades. A aposta no decrescimento é a aposta na saída da sociedade de consumo.
E como seria um Estado que apostasse no decrescimento?
“O decrescimento não é uma alternativa, mas uma matriz de alternativa. Não é um programa. E seria muito diferente a forma de construir a sociedade no Texas ou em Chiapas”.
Entretanto, em seu livro, você explica algumas medidas concretas, como os impostos sobre os consumos excessivos ou a limitação dos créditos que são concedidos. Também diz que é preciso trabalhar menos. É necessário trabalhar menos?
“É preciso trabalhar menos para ganhar mais, porque quanto mais se trabalha, menos se recebe. É a lei do mercado. Se você trabalha mais, aumenta a oferta de trabalho, e como a demanda não aumenta, os salários baixam. Quanto mais se trabalha, mais se provoca a baixa dos salários. É necessário trabalhar menos horas para que todos trabalhem, mas, sobretudo, trabalhar menos para viver melhor. Isto é mais importante e mais subversivo. Temos ficado doentes, toxicodependentes do trabalho. E o que as pessoas fazem quando lhes reduzem o tempo de trabalho? Assistem televisão. A televisão é o veneno por excelência, o veículo para a colonização do imaginário”.
Trabalhar menos ajudaria a reduzir o desemprego?
“É claro. É necessário reduzir as horas de trabalho e relocalizá-lo. É preciso fazer uma reconversão ecológica da agricultura, por exemplo. É necessário passar da agricultura produtivista à agricultura ecológica campesina”.
Dirão que isto significaria voltar na História...
“Nada. De qualquer modo, não haveria razão para ser obrigatoriamente algo ruim. Não é uma volta ao passado, já que há pessoas que fazem permacultura e isso não tem nada a ver com a forma como era a agricultura de outrora. Este tipo de agricultura requer muita mão de obra, e se trata justamente disso, de encontrar empregos para as pessoas. É necessário comer melhor, consumir produtos sadios e respeitar os ciclos naturais. Para tudo isso é preciso uma mudança de mentalidade. Caso se consiga os apoios suficientes, medidas concretas poderão ser tomadas para provocar uma mudança”.
Você disse que a teoria do decrescimento não é tecnófoba, mas ao mesmo tempo propõe uma moratória das inovações tecnológicas. Como essas coisas casam?
Isto foi um mal-entendido. Queremos uma moratória, uma reavaliação para ver com quais inovações é preciso prosseguir e quais outras não possuem grande interesse. Hoje em dia, importantes linhas de pesquisa são abandonadas, como as de biologia do solo, porque não possuem uma saída econômica. É necessário escolher. E quem escolhe? As empresas multinacionais”.
Latouche considera que as democracias, na atualidade, estão ameaçadas pelo poder dos mercados. “Já não possuímos democracia”, proclama... “Estamos dominados pela oligarquia econômica e financeira que tem a seu serviço toda uma série de funcionários que são os chefes de Estado dos países”. E sustenta que a prova mais óbvia está no que a Europa fez com a Grécia, submetendo-a a estritos programas de austeridade. “Eu sou europeísta convencido, teria que se construir uma Europa, mas não assim. Teríamos que ter construído, primeiro, uma Europa cultural e política, e ao final, um par de séculos mais tarde, adotar uma moeda única”.
Latouche sustenta que a Grécia deveria declarar a suspensão dos pagamentos, como as empresas fazem. “Na Espanha, o rei Carlos V quebrou duas vezes e o país não morreu, pelo contrário. Com a Argentina isto aconteceu após a ruína do peso. O presidente da Islândia, e isto não foi dito de forma suficiente, disse no ano passado, em Davos, que a solução para a crise é fácil: anula-se a dívida e, em seguida, a recuperação vem muito rápido”.
E essa também seria uma solução para outros países, como a Espanha?
“É a solução para todos, e acabará sendo realizada, não há outra. Faz-se de conta que está se tentando pagar a dívida, esmagando as populações, e é dito que deste modo são liberados os excedentes que permitem resolver a dívida, mas, na realidade, entra-se no círculo infernal, no qual cada vez é preciso liberar mais excedentes. A oligarquia financeira tenta prolongar sua vida o máximo tempo possível, é fácil de compreender, mas é em detrimento do povo”.


http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523299-serge-latouche-o-precursor-da-teoria-do-decrescimento-defende-uma-sociedade-que-produza-menos-e-consuma-menos

Espanhol que criou lâmpada que dura até 100 anos é ameaçado de morte constantemente

Espanhol que criou lâmpada que dura até 100 anos é ameaçado de morte constantemente

Foto: Divulgação

Enquanto a maioria das lâmpadas fluorescentes duram pouco mais de um ano, Benito Muros recebe fortes ameaças por ter criado lâmpada que pode acabar com o complô da obsolência programada.

Leia também:


Defendido pelos moradores, médico cubano volta a atuar em Feira de Santana


Uma lâmpada fluorescente dura cerca de 10 mil horas. São mais de 416 dias de uso direto, pouco mais de um ano. Bastante tempo, certo? Imagine, no entanto, se existisse uma lâmpada que durasse 100 anos. Quer dizer, não imagine, não. Essa lâmpada existe (veja vídeo abaixo). Pelo menos é o que diz Benito Muros, espanhol que diz estar sendo ameaçado de morte por causa de sua criação.

Muros é o presidente de um movimento chamando Sem Obsolescência Programada (SOP) e diz que, não só lâmpadas, mas muitos outros objetos de nosso dia a dia poderiam durar muito mais. Na verdade, existe uma teoria - a da Obsolescência Programada - de que muitos fabricantes desenvolvem produtos de curta durabilidade para obrigar os consumidores a adquirir novos produtos de forma acelerada e sem uma necessidade real. Segundo o espanhol, fazem parte dessa lista de itens como baterias de celular, computadores, geladeiras e televisões. “Não há nada para se fazer além de comprar outra”, disse ele em entrevista ao jornal espanhol El Economista.

Segundo ele, algumas peças essenciais para eletrodomésticos, por exemplo, são colocadas propositalmente próximas das partes que mais aquecem no objeto, diminuindo seu tempo de vida. Soma-se a isso, o uso de materiais de menor qualidade.

As lâmpadas e a causa de Muros e da SOP querem desenvolver um novo conceito empresarial, baseado no desenvolvimento de produtos que não caduquem. Quem não lembra daquela máquina de lavar da casa da avó que durou a vida inteira? Ou a geladeira que está na família há anos e nunca deu problema? "Deixaram de fabricar, porque duravam demais. Hoje, por exemplo, temos uma lâmpada que está acesa a 111 anos em um parque de bombeiros de Livermore [California]. Foi então que surgiu a ideia de criar, junto com outros engenheiros, uma linha de iluminação que dure toda a vida", disse ele à publicação.



Além de terem mais tempo de vida, as lâmpadas, desenvolvidas com a Oep Electrics, gasta 70% menos energia que as fluorescentes. Além disso, não queima ao ser acesa e apagada várias vezes seguidas. A OEP garante dez mil comutações diárias.

No entanto, Muros diz que a descoberta também gerou ameaças. O espanhol chegou a apresentar um recado à polícia que dizia: "senhor Muros, você não pode colocar seus sistemas de iluminação no mercado. Você e sua família serão aniquilados”, diz. Apesar disso, ele conta que não se sentiu ameaçado e que irá continuar defendendo a SOP.

Revista Época

http://www.folhasocial.com/2013/11/espanhol-que-criou-lampada-que-dura-ate.html

A História Secreta da Obsolescência Planeada [Legendado PT]

A História Secreta da Obsolescência Planeada [Legendado PT]


http://www.youtube.com/watch?v=o0k7UhDpOAo

Partidos Polticos no Brasil - Demétrio Magnoli

Partidos Polticos no Brasil - Demétrio Magnoli

http://www.youtube.com/watch?v=MOHRaoZ0sdQ

GloboNews - 'O Brasil ajudou a criar um cenário sem armas nucleares'



GloboNews - 'O Brasil ajudou a criar um cenário sem armas nucleares'

http://www.youtube.com/watch?v=hTEWl9FHWkk

"Blog não é jornalismo", diz Demétrio Magnoli

"Blog não é jornalismo", diz Demétrio Magnoli


http://www.youtube.com/watch?v=jSstzeavfXw

Science’s Harmful Power


http://scholarship.rollins.edu/mls/39/


Date of Award

5-2013

Thesis Type

Open Access

Degree Name

Master of Liberal Studies

Advisor(s)

Joseph V. Siry

Second Advisor

Robert Smither

Abstract

The focus of this thesis is to address and acknowledge issues identifying how applied science’s progressive impact can harm people in any society. The advancement of scientific technology can cause detrimental results to the general public. A few examples are dropping of the atomic bomb; prescription medications dispensed to patients before adequate testing studies have been completed; and scientific fraud. The scientific community promotes the scientist based on their research without thoroughly testing the theory or discovery. The scientist will go to extreme lengths to achieve specific results can cause damaging effects on society. Scientists can falsely influence society and gain the public’s trust. The underlying reason behind these issues may emanate from the scientist’s lack of human values when implementing a theory. Does “science” contribute and demonstrate to Western society only as a positive outcome? Do scientists’ discoveries only generate positive results when they are utilizing the effects on the general public? The purpose of this study is to acknowledge society’s perpetual faith in science and scientist’s theory. This thesis will not uncover the truth, because each individual views the “truth” differently. Rather will concentrate on how Western society views the truth and their trust in the scientist, physicians, and scientific community.

Recommended Citation

Thomas, Rochelle, "Science’s Harmful Power" (2013). Masters of Liberal Studies Theses. Paper 39.
http://scholarship.rollins.edu/mls/39

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

“Os brasileiros resistem à ideia de negociarem seus direitos à base da raça”


Home » Divulgação » Entrevistas » “Os brasileiros resistem à ideia de negociarem seus direitos à base da raça”

“Os brasileiros resistem à ideia de negociarem seus direitos à base da raça”

As recentes declarações do ministro Carlos Alberto Reis de Paula ao jornal “Valor Econômico” trouxeram as cotas raciais mais uma vez para o centro do debate. Presidente da maior instância trabalhista do país, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), Reis de Paula defende a aplicação de cotas raciais em todos os ambientes de trabalho – inclusive em empresas privadas – como forma de sanar a desigualdade entre pretos e brancos no mercado brasileiro. O ministro acredita ainda que o Judiciário deve atuar mais na mobilização da sociedade em prol de avanços nas relações de trabalho. Para o sociólogo e especialista no tema, Demétrio Magnoli, a opinião do presidente do TST reflete um consenso da elite política brasileira, que não enfrenta oposição às classificações raciais na vida do cidadão brasileiro. Magnoli reafirma a inconstitucionalidade da questão e critica o que chama de “negociação de direitos em função da raça”. Leia a entrevista.
Instituto Millenium – Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, o presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, se mostra favorável à ampliação das cotas raciais. No órgão já há uma regulamentação que fixa cotas para negros em 10% para a terceirização de serviços. O ministro defende a ampliação das cotas para todos os ambientes de trabalho, inclusive nas empresas privadas, como meio de fomentar a igualdade. Como o senhor avalia a opinião do ministro?
Demétrio Magnoli – Eu lamento, mas não me surpreendo com a posição do ministro. A reprodução de cotas raciais no Brasil não teve reação por parte do nosso sistema. Nenhum partido relevante ou liderança política se posicionou contra. O que o ministro faz, além de provavelmente expressar uma opinião própria, é revelar um consenso da nossa elite política, que é muito diferente de um consenso nacional. Ao considerar legais as cotas raciais, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu o caminho para a extensão das cotas para todo o mercado de trabalho.
Imil – Hoje o cidadão é obrigado a declarar a qual “raça” pertence no formulário de declaração do Imposto de Renda e até na hora de preencher o Currículo Lattes…
Magnoli – Veja bem, as políticas de preferências raciais não visam, como fica cada vez mais claro, oferecer oportunidades para pessoas menos favorecidas. Se fosse por isso, se proporia cotas sociais, por renda etc. As cotas raciais são adotadas para promover uma pedagogia da raça, ou seja, impor compulsoriamente aos brasileiros a classificação racial de cada um. As pessoas começam a se identificar de acordo com a cor da pele e não apenas com a cidadania brasileira. Essa é a função das politicas raciais, a negociação de direitos em função da raça. Isso tende a crescer no país.
Imil – Na defesa das cotas, o ministro citou o artigo 170 da Constituição para destacar que as ações afirmativas estão respaldas pela Constituição. Ele é favorável a cotas em todos os ambientes de trabalho. Isso não seria inconstitucional?
Magnoli – Claro! A Constituição diz que todos os cidadãos são iguais perante a lei independentemente de raça, gênero, orientação politica etc. No entanto, a letra da Constituição foi violada pelo STF com base em considerações puramente ideológicas. É ativismo judicial. O Supremo rasgou a Carta Magna para atender uma demanda ideológica sem enfrentar uma oposição política forte.
Imil – Na mesma entrevista, o ministro afirma que o poder Judiciário deve ser mais atuante no sentido de organizar mobilizações junto à sociedade. O Estado de Direito comporta essa espécie de ativismo?
Magnoli - O ministro propõe que o Judiciário se torne um partido político, que faça as leis por meio de decisões de tribunais. Além disso, quer que o judiciário tenha um programa político independente de provocações. Isso é ilegal, mas muita coisa ilegal acontece no Brasil.
Imil – É difícil encontramos uma liderança que bata de frente com a cultura racial que está sendo criada no país, já que, por exemplo, grande parte da população brasileira é “beneficiada” pelas cotas raciais e pode vir a votar a favor desse tipo de política? É um peso eleitoral que desafia os políticos?
Magnoli – Sua premissa é especulativa e errada. Nas poucas pesquisas que foram feitas com o grande público sobre cotas raciais, verificou-se no Rio de Janeiro uma majoritária oposição às cotas raciais por pessoas de todas as cores de pele. A oposição às cotas dos que se autodeclaram pretos e pardos foi similar, até um pouco maior, que a dos brancos. As cotas não são uma decisão popular.
É evidente que isso depende das perguntas que são feitas nas pesquisas, pois elas orientam respostas. Se a pergunta for, por exemplo, se “cotas raciais visam a oferecer direitos para quem é pobre”, se a pergunta levar as pessoas a acreditarem que raça e renda são a mesma coisa, vai haver resultado favorável. Mas quando as pessoas são indagadas com perguntas mais objetivas, as respostas são contrárias. Apesar de mais de uma década de pedagogia racial, os brasileiros resistem à ideia de negociaram seus direitos à base da raça. Não sei até quando vão resistir. O grande perigo é a introdução do racismo como um fenômeno da consciência popular. Existe racismo no Brasil, como em todo lugar do mundo, mas ele não é um fenômeno de massas, da consciência popular.

http://www.imil.org.br/divulgacao/entrevistas/os-brasileiros-resistem-ideia-de-negociaram-seus-direitos-base-da-raa/

domingo, 26 de janeiro de 2014

Marina Silva

Roda Viva | Marina Silva | 21/10/2013


http://www.youtube.com/watch?v=UtwycRLNXVo

Política 2.0 - uma nova forma de fazer política?

"Política 2.0 - uma nova forma de fazer política?" (versão curta)

 http://www.youtube.com/watch?v=GrVAY4ZFI1Y

No dia 27 de outubro de 2011, Marina Silva, Giuseppe Cocco, Carla Mayumi, com mediação de Ricardo Abramovay e participação especial de vários convidados, conversaram sobre a política 2.0, ou nova política. Assista aqui uma versão editada, por temas, do debate.

Advogado vê mais defeitos do que virtudes na Justiça

Notícias

Índice de confiança

Advogado vê mais defeitos do que virtudes na Justiça

Os advogados brasileiros veem muito mais deficiências do que virtudes no Judiciário brasileiro. A constatação é da segunda edição nacional do Índice de Confiança dos Advogados na Justiça, pesquisa feita pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP (FEA-RB). O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (14/3).
Os participantes da pesquisa acreditam que a Justiça brasileira é pouco eficiente. Somente 0,3% responderam que a Judiciário é muito eficiente, contra 70,8% que reclamaram da sua pouca eficiência. 21,9% responderam que o Judiciário não tem nenhuma eficiência.
Quanto à igualdade de tratamento, somente 0,3% dos pesquisados concordam que a Justiça do Brasil não se importa com meios econômicos, contatos pessoais ou filiação política. Já o número que acredita numa Justiça pouco igual é de 51,7%.
A pesquisa foi desenvolvida por meio de questionários individuais, enviados por e-mail a advogados localizados principalmente no site das OABs e subseções, de escritórios localizados via internet, em revistas especializadas e redes sociais. Foram ouvidos 1.119 advogados em todos os estados e no Distrito Federal.
O índice que mais causou divisão foi quanto ao futuro do Judiciário. O resultado dos que acreditam que a Justiça brasileira estará muito melhor daqui a cinco anos é de apenas 1,4%, e de 44,1% para melhor.
A situação estará pior em 2017 para 37,2% dos entrevistados e 17,2% dos advogados entendem que o Judiciário brasileiro estará muito pior. Nossa Justiça também é cara e lenta: 53,9% acreditam que os custos são altos (contra 0,6% que acreditam numa Justiça barata), e 68,5% que a Justiça é muito lenta (0,1% muito rápida; 1% rápida).
De acordo com Claudio de Souza Miranda, professor do Departamento de Contabilidade da FEA-RP/USP, houve poucas mudanças no Índice em comparação à pesquisa do ano passado. “Os indicadores mostraram uma leve queda. Apenas no Nordeste houve um ligeiro aumento, até porque os índices lá foram baixos na pesquisa anterior”, explica Miranda.
Além dos sete indicadores que compõem o ICAJ (Igualdade de Tratamento, Eficiência, Honestidade, Rapidez, Custos, Acesso e quanto à Evolução), esta edição da pesquisa perguntou aos advogados brasileiros quais motivos levam à morosidade da Justiça brasileira — na pesquisa passada, a celeridade foi o indicador com pior desempenho entre os pesquisados. Três são os principais motivos pela ineficiência do Judiciário: insuficiência do número de servidores, gestão ineficiente dos recursos e abundância de atos meramente burocráticos.

http://www.conjur.com.br/2012-mar-14/advogado-ve-defeitos-virtudes-justica-aponta-pesquisa

A Cabeça do Brasileiro

A Cabeça do Brasileiro


http://www.youtube.com/watch?v=yejieZR_eWY

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil



Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=ECLGx2etUjY

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Site sobre desenvolvimento internacional e pobreza

A podcast about the news in international development and the fight against global poverty.

http://developmentdrums.org/

Nações que fracassam

05/07/2012 - 07h00

Nações que fracassam

O Paraguai está condenado a não dar certo? E o Egito? Após passarmos a semana debatendo se houve ou não um golpe de Estado no país vizinho e se os militares egípcios ceifaram ou não a cada vez menos reluzente Primavera Árabe, acho que é hora de discutir o que distingue as nações pujantes das malogradas. E, para fazê-lo, recorro ao importante livro "Why Nations Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty" (por que nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza), dos economistas Daron Acemoglu (MIT) e James Robinson (Harvard), lançado em março nos EUA.
A tese defendida pelos autores é escandalosamente simples: países que têm instituições políticas e econômicas inclusivas funcionam; já os que têm suas instituições montadas para favorecer uma elite falham, pelo menos no longo prazo. O que impressiona na obra é a erudição histórica e a riqueza de exemplos de todas as eras e cantos do mundo com que procuram sustentar suas afirmações. São quase 600 páginas de narrativas envolventes e fluidas.
Os casos que, a meu ver, chegam mais perto de provar a hipótese de Acemoglu e Robinson são os experimentos históricos naturais constituídos por "localidades gêmeas" separadas pelos caprichos das Parcas. Tomemos as cidades de Nogales. Elas têm o mesmo nome, praticamente a mesma composição étnica e cultura. Estão, contudo, divididas por uma cerca. Na porção norte, estamos em Nogales, Arizona, EUA; na sul, em Nogales, Sonora, México. Em Nogales, Arizona, a renda familiar anual é de US$ 30 mil, a maioria dos adolescentes está na escola. Os indicadores de saúde estão muito acima da média mundial, e a segurança pública é bastante razoável. Já em Nogales, Sonora, a renda é de apenas US$ 10 mil e grande parte dos jovens não frequenta o colégio. A expectativa de vida é bem menor do que ao norte da cerca, e o crime corre solto.
Um acidente de percurso? Pode ser. Passemos então às Coreias. De novo, temos o mesmo povo dividindo um pedaço de terra com recursos não muito diferentes que, por circunstâncias históricas, a partir de um dado momento seguiu trajetórias bastante diferentes. No norte, temos um dos países mais pobres do mundo, castigado por fomes de padrão africano, no qual boa parte da população não tem acesso a quase nenhuma das comodidades da vida moderna, como telefones e luz elétrica. No Sul, os coreanos vivem com padrões de Primeiro Mundo. A educação é uma das melhores do planeta e o país não cessa de melhorar sua posição em praticamente todos os indicadores de riqueza e bem-estar.
Fenômenos como Nogales e as Coreias, dizemos autores, mostram que as explicações mais usuais para o sucesso e o fracasso de nações, que se baseiam em diferenças culturais e fatalidades geográficas, estão erradas, ou, na melhor das hipóteses, ficam muito aquém de elucidar tudo. E, se o busílis não está na alma do povo nem na infraestrutura, é forçoso reconhecer que a forma de organização política e econômica tem algo a ver com o destino das nações.
O texto de Acemoglu e Robinson pretende ser a reabilitação da política --e em larga medida o é. Ele se contrapõe à tendência de obras recentes como "Armas, Germes e Aço" e "Colapso", de Jared Diamond, de colocar a geografia, tecnologias e doenças como explicações centrais para determinar surgimento, expansão e desaparecimento de civilizações. Curiosamente, Diamond, que é nominalmente criticado em "Why Nations Fail", fez generosos elogios ao livro. Minha impressão é a de que as teorias operam em níveis diferentes e não excludentes. Diamond nunca pretendeu dar conta de casos como o das Coreias. Suas ideias são mais úteis para iluminar situações em que sociedades totalmente diferentes, como europeus e ameríndios, se encontram e se chocam. De toda maneira, minha impressão pessoal é a de que a dupla de economistas identificou algo importante. Como é natural, porém, superestimam o alcance de suas explicações. Elas não precisariam ter o caráter quase exclusivista que lhe atribuem. Na verdade, elas até que convivem bem ao lado dos fatores geográficos e culturais numa relação muitas vezes sinérgica.
Voltando às instituições, os autores afirmam que a prosperidade e o crescimento sustentáveis só são possíveis quando as instituições políticas de um país são inclusivas, permitindo que todos tirem proveito das oportunidades econômicas. Mais do que isso, a nação precisa ser capaz de manter esse pluralismo político, pois sempre surgirão grupos dispostos a passar por cima dos demais e pôr as instituições a serviço de seus interesses. Uma vez no poder, a tendência da elite dominante é chutar a escada. Não é coincidência, portanto, que, na maioria dos casos históricos, o que verificamos são instituições políticas extrativistas, concebidas para que um determinado grupo se aproprie da maior parte da riqueza, sem se preocupar muito com o restante da sociedade. Há exemplos dos mais variados calibres, desde ditadores africanos que arrebatam fortunas calculadas na casa dos bilhões de dólares enquanto a população passa fome, até Estados bem mais sofisticados, como a antiga URSS, em que a sociedade estava a serviço da casta dirigente.
Durante várias décadas, a economia da União Soviética cresceu a taxas bem mais expressivas que o Ocidente. O país comunista chegou a liderar a corrida espacial. Acemoglu e Robinson, porém, dizem que é impossível manter esse ritmo por muito tempo, pois uma prosperidade mais duradoura depende de um fluxo constante de inovações e ganhos de produtividade. E isso o regime comunista não podia providenciar, à medida que a "vanguarda do partido" temia qualquer coisa semelhante à destruição criativa que caracteriza as sociedades que operam sob a dinâmica da inovação.
No final das contas, a estrutura social vigente não oferecia incentivos para que as pessoas fossem inventivas e nem mesmo para que se dedicassem a atividades de que gostavam. Na verdade, a melhor forma de sobreviver na URSS era ser o mais medíocre possível. A "riqueza" soviética, sustentam, era muito mais fruto de uma realocação de recursos do campo para a indústria pesada do que um fenômeno real. A miragem enganou muitos, em especial no Ocidente, durante muito tempo. Mas, a partir do final dos anos 70, a mágica se esgotou e, nos 80, veio a derrocada. Mikhail Gorbatchov até que tentou salvar as coisas promovendo a abertura política, mas já era tarde.
Numa das mais bombásticas previsões do livro, Acemoglu e Robinson afirmam que o milagre chinês também está com os dias contados, a menos que Pequim mude radicalmente o jogo, o que é improvável. Oligarquias raramente abrem mão de poder e não ousam colocá-lo em risco. Tendem a fazê-lo apenas quando não há alternativa. Elas, afinal, são as beneficiárias das instituições excludentes. Se o Partido Comunista Chinês não permitir muito mais liberdade para seus cidadãos definirem o que vão fazer com seu tempo e recursos, em algum momento o país parará de crescer, provavelmente por falta de novas ideias e agilidade econômica. A conferir.
Os autores reservam fortes elogios ao Brasil. Dizem que o país parece ter atravessado o limiar que separa as nações fracassadas das prósperas pelo fato de conseguido criar uma ampla coalizão política em torno de alguns pontos-chave e mobilizado a população para persegui-los. É aí, acredito, que o livro mostra, pelo menos para quem conhece a situação mais de perto, que tem lá suas fragilidades. Não que eu discorde da tese central. Também acho que o Brasil está no bom caminho e que isso se deve em larga medida ao fato de termos chegado a um consenso em relação ao modelo econômico que queremos e às linhas-mestras para sua distribuição. Não vejo, entretanto, a grande mobilização social de que falam os autores. Também não creio que nossas instituições políticas tenham mudado tanto nos últimos 20 anos. Diria até que este é um de nossos problemas. E os exemplos que Acemoglu e Robinson usam para apoiar suas ideias políticas sobre o Brasil são ruins. Eles dão grande ênfase, por exemplo, ao orçamento participativo de Porto Alegre, que é mais uma simpática peça de marketing do que uma ferramenta real de decisão sobre a alocação de recursos.
Não são esses detalhes, entretanto, que tiram a grandeza do livro. É uma obra de fôlego que, mesmo que peque no varejo, traz argumentos bastante convincentes em favor de uma repartição equitativa do poder político, como sempre defenderam as esquerdas. Segundo os autores, esse equilíbrio favorece a produção e a distribuição de riquezas, ao fazer com que os mecanismos de mercado funcionem em sua melhor forma. E esse é o ponto do raciocínio de que as esquerdas não gostam. O mundo é mais complicado do que presumem nossas intuições ideológicas.
p(tagline) PS -- Por motivo de férias, dou ao leitor uma folga pelas próximas semanas. Retomo a coluna em agosto.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1115163-nacoes-que-fracassam.shtml
hélio schwartsman
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou 'Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão' em 2001. Escreve de terça a domingo.