Os inúmeros contatos que mantemos com a população, em todo o estado, nos mostram sempre que, por mais direta que seja a pergunta, apesar da objetividade da resposta, ela nem sempre traduz a nossa realidade, tampouco a verdade dos bastidores de nossa sociedade. E isso se deve à maneira como as informações são apresentadas, sempre respeitando-se os filtros de interesses que dominam os meandros da informação.
Se perguntarmos qual é o principal problema do nosso país, os mais letrados dirão que é a deficiência no sistema deensino; outros dirão que o problema está na classe política; outros culparão a impunidade, jogando a culpa sobre a Justiça e a sua rotineira lentidão. E muitos outros terão os olhos voltados para as prisões, falando em violência, impunidade e até em pena de morte.
Usando ainda o verbo no futuro, se despejarmos dinheiro nas escolas, o problema estará resolvido? E, se atendermos somente às reivindicações salariais dos trabalhadores do setor daeducação, resolveremos o problema do ensino? E no Judiciário, no Legislativo, nos hospitais, nas universidades ou no sistema de segurança? Quem garante que, mantido o nosso sistema atual, como serão aplicados os tais recursos? Quem garante que aquele estupendo educador seja, de fato, um administrador de recursos? Quem garante que aquele juiz ou desembargador, honesto, cheio de boas intenções, seja, de fato o administrador ideal? A pergunta se repete em todos os setores, todos ligados aos problemas citados.
Sabemos que o parágrafo anterior está recheado de ficção, e a própria colocação do verbo no futuro justifica os nossos argumentos. Os anos nos mostram que uma de nossas principais carências está na GESTÃO, na administração do que temos, do que precisamos ter, e do que de fato teremos, para fazer o país caminhar. Por maiores que sejam os recursos, e todos sabemos que estão muito aquém do desejado, nunca, em tempo algum, estivemos tão carentes de administradores. Em todos os setores, e isso é preocupante.
Um país com as nossas aspirações não pode permanecer carente desse tipo de profissional, independentemente do segmento que irá atuar. Não adianta estimularmos a preparação de técnicos e engenheiros de alto nível, médicos e pesquisadores, grandes juristas, se eles ficarem à mercê de administradores medianos, muitos deles dotados das melhores intenções, mas limitados pela falta daquele algo mais que caracteriza quem, de fato, deve fazer a coisa funcionar. Isso se chama GESTÃO!
* Vitor Sapienza, economista, é deputado estadual (PPS), ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, e agente fiscal de rendas aposentado. - www.vitorsapienza.com.br
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