Lobista é a face desconhecida na democracia brasileira atual
Sem controle, lobby se fortalece na relação com o governo e quer se livrar do estigma de crime
O número de lobistas que circulam no
Congresso Nacional subiu de 47 para 179 nos últimos 30 anos. Os números,
de uma pesquisa coordenada pelo cientista político da UFMG Manoel
Leonardo Santos, são baseados em um balanço da Primeira Secretaria da
Câmara dos Deputados. O órgão é o responsável por cadastrar esses
profissionais na Casa. O crescimento do lobby no Brasil é evidente para
quem trabalha e pesquisa o serviço, que avança à medida que a democracia
se consolida.
Um lobista faz a defesa dos interesses de
empresas, associações e sindicatos na relação com os Poderes e pode até
representar o próprio setor público no monitoramento das atividades
legislativas. Nesse novo contexto do país, até o termo lobby foi
substituído. Os lobistas, agora, se intitulam como relações
governamentais, institucionais ou intergovernamentais.
A nova nomenclatura é uma das tentativas
para fugir da associação da atividade com os crimes de corrupção e
tráfico de influência. Normalmente, o corruptor que tem acesso ao
parlamentar acaba recebendo a pecha de lobista.
Rotina. Além do contato direto com
autoridades do Legislativo e do Executivo, os lobistas também monitoram
os projetos que tramitam no Congresso e o acompanhamento de temas-chave,
tanto para manter quanto para alterar algum cenário institucional.
“No Legislativo, fazemos acompanhamento das
comissões e temas, como mineração, trabalho, terceirização e previdência
social. Mas, aí, não são demandas isoladas da empresa, mas de todo o
setor”, afirma o gerente de relações institucionais da Votorantim,
Lucélio de Morais.
“Nossos clientes não são só da iniciativa
privada, como do próprio governo. Por exemplo, as prefeituras que
desejam dialogar com o governo federal, principalmente na questão dos
repasses de recursos, mas que não têm estrutura para fazer esse
contato”, afirma Christiano Lobo, da Legitimus, empresa que terceiriza o
serviço.
Profissão
Trabalho. Dos
lobistas ouvidos pela pesquisa coordenada pelo professor Manoel
Leonardo, 76% mantêm a atividade em tempo integral. Metade deles atua
exclusivamente no Legislativo.
Profissionais não credenciados são muitos
Apesar de os profissionais de relações governamentais terem quadruplicado nas últimas três décadas, a quantidade de pessoas que exerce a atividade no Brasil é bem maior. Os 179 profissionais cadastrados na Câmara Federal são representantes de entidades, sindicatos e associações que têm atuação nacional, além de assessores ligados a ministérios e agências reguladoras.
No entanto, a Casa não exige, por exemplo, que os lobistas que trabalham para empresas ou grandes ONGs sejam credenciados, o que pode dar impressão de que a negociação entre setores não-governamentais e parlamentares é pouco transparente.
Os credenciados têm algumas vantagens. Com a credencial especial, os lobistas não precisam enfrentar filas para passar pelo detector de metais, podem usar o estacionamento do Congresso e têm garantido o acesso aos corredores das duas Casas. As exceções são os plenários da Câmara e do Senado.
Apesar de os profissionais de relações governamentais terem quadruplicado nas últimas três décadas, a quantidade de pessoas que exerce a atividade no Brasil é bem maior. Os 179 profissionais cadastrados na Câmara Federal são representantes de entidades, sindicatos e associações que têm atuação nacional, além de assessores ligados a ministérios e agências reguladoras.
No entanto, a Casa não exige, por exemplo, que os lobistas que trabalham para empresas ou grandes ONGs sejam credenciados, o que pode dar impressão de que a negociação entre setores não-governamentais e parlamentares é pouco transparente.
Os credenciados têm algumas vantagens. Com a credencial especial, os lobistas não precisam enfrentar filas para passar pelo detector de metais, podem usar o estacionamento do Congresso e têm garantido o acesso aos corredores das duas Casas. As exceções são os plenários da Câmara e do Senado.
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